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Arquivos Mensais: maio 2013

PERDA DO MEU WEB MODEM TIM

31 sexta-feira maio 2013

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o modem, perda, protocolo

Ontem, quinta-feira, 30 de maio, entre 15 e 18 horas, perdi o meu web modem TIM. Chegando à noite em casa, entrei duas vezes em contato com a provedora para bloquear emissões para o dispositivo, a primeira às 21:15, sob o protocolo de atendimento nº 2013 147479139, a segunda às 21:30, sob o protocolo nº 2013 14748420. Nas duas oportunidades fui informado de que os serviços competentes estavam fora do ar e que só voltariam a operar às duas horas da manhã. Pane nos serviços com hora marcada para voltar a operar; comigo é a primeira vez a acontecer. De qualquer forma, deixei registrada a perda. Segundo informação da máquina pela qual fui inicialmente atendido ambas as conversas foram gravadas.

Hoje às 09:30, sob o protocolo 2013 147655159, fui atendido pela operadora Tatiene – este foi o nome com que se anunciou –, conseguindo, afinal, bloquear o modem, conforme declaração verbal feita ao final da conversa, também gravada.

Registro: Não respondo pelo uso indevido do meu web modem TIM a partir das 15:00 de ontem, 30 de maio de 2013.

ESTAVA ESCRITO (14)

29 quarta-feira maio 2013

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dogmas, garrote, império romano, papas

 Francesco.001

“(…). Ma Gesù ha istituito sette Sacramenti e noi con questo atteggiamento istituiamo l’ottavo: il sacramento della dogana pastorale!”

(Jesus, porém, instituiu sete Sacramentos e nós, que procedemos deste modo, instituímos o oitavo: O sacramento da aduana pastoral!

Divisor66Quando, após Constantino, estabeleceu-se o governo geral e unificado do cristianismo romano, de pronunciado acento imperial, o paizinho tornou-se a pouco e pouco Senhor da Vida e da Morte. Uma Cúria criada nos moldes da Cúria do Império Romano foi investida de poderes – exercidos por meio dos papas –, os quais, nos séculos seguintes, nem mesmo os reis contestaram, pois, em geral, pelos papas eram coroados, destronados e/ou confirmados.

Em meio à atmosfera de imperialismo absoluto, raros foram os que, dentro e fora da esfera da Cristandade, não se submeteram ou se humilharam aos dogmas e às regras curiais. Os que não o fizeram acabaram torturados, confinados pelo resto de suas vidas, mortos na fogueira, pelo garrote, por enforcamento ou outros elaborados meios de aniquilação física, moral e espiritual.

O rótulo de herege, uma vez aplicado, significava uma sentença de morte, mesmo em vida, ou a abjuração humilhante de todas as crenças, princípios e ideias conflitantes com as regras, princípios e ideias do cristianismo romano, o começo de um longo caminho para a reabilitação.

Os métodos inquisitoriais começaram, desde logo, a se formularem; iniciou-se com a centralização do poder episcopal uma escalada para o poder civil total e geral culminada em longo período de trevas.

“(…); les inquisiteurs commencèrent alors à faire pression pour obtenir la possibilité d’utiliser la torture comme la coutume les y autorisait habituellement. Le 9 décembre, ils demandèrent au roi s’ils pourraient procéder  < conformément aux institutions ecclésiastiques >, c’est-à-dire avoir recours à la torture. (…)” (Malcom Barber – Le Procès des Templiers – Éditions Tallandier – Paris – 2007 – p. 320)

(continua)

 

ESTAVA ESCRITO (13)

22 quarta-feira maio 2013

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corinto, cristianismo primitivo, galileu

Contos de Fadas 2.001

Não havia `uma` Igreja no cristianismo primitivo, mas tantas Igrejas – Tiro, Corinto, Alexandria, Roma, Jerusalém, etc. – quantas fundadas por aqueles que, ordinariamente, se tornavam, depois, seus patriarcas, sem nenhum traço de chefia, liderança ou subordinação entre elas.

A comunidade cristã de Roma – com o seu bispo –, que ficaria no centro da discussão sobre a unificação da chefia das Igrejas cristãs, não remete a um começo sob qualquer liderança.

Simãobarjonas foi um zelote, cujo grupo teve raízes no ano 6, quando a mão pesada de Roma caiu sobre a Judeia e Samaria, traduzindo o seu domínio em impostos a serem estabelecidos segundo os resultados do censo de Quirino, Legado da Síria, comissionado especialmente para a tarefa. Os judeus se revoltaram sob a liderança de Judas, o Galileu, que, embora executado por insurgência contra o Imperador romano juntamente com as principais figuras da revolta, deixou as sementes do movimento rebelde plantada nos evadidos passados para a clandestinidade, na qual `cozinharam` a humilhação e o anseio de sacudir fora o jugo romano; auto denominados zelotes, levaram sua gente a uma guerra aberta e suicida inaugurada em 66 e terminada em 70 com a supressão total de Israel, incendiada Jerusalém após matança geral bem ao estilo romano, completada a destruição com o Templo, símbolo maior da religião feita Estado sob Iavé, incendiado e arrasado, saqueados os seus tesouros e alfaias, levados para Roma como despojos da vitória a cortina rasgada que velava o Santo dos Santos e a Torá cerimonial com a qual se celebravam os ofícios. Zelote para Roma soava como problema; era absolutamente impossível a um zelote conhecido e militante, como Pedro, sequer aproximar-se da sede do império sem ser imediatamente capturado e morto. Um zelote figura pública, chefe de uma comunidade repudiada formada por pobres e miseráveis, não teria qualquer chance em Roma.

A não fundação ou não formação da comunidade cristã de Roma por Paulo, de outro modo, está de sobejo demonstrada por ele próprio em Romanos 1:8-15, v.g.:

“8 – Em primeiro lugar, dou graças ao meu Deus mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque vossa fé é celebrada em todo o mundo; 9 – Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço menção de vós; 10 – E peço continuamente em minhas orações que, de algum modo, com o beneplácito de Deus, se me apresente uma oportunidade de ir ter convosco; 11 – Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual para que sejais confirmados; 12 – Isto é, para que em vossa companhia reciprocamente nos confortemos pela fé que nos é comum, a vós e a mim; 13 – E não escondo, irmãos, que muitas vezes me propus ir ter convosco – e fui impedido até agora – para colher algum fruto entre vós, como entre outros gentios; 14 – Pois eu me sinto devedor a gregos e a bárbaros, a sábios e a ignorantes; 15 – Daí meu propósito de anunciar o evangelho também a vós, que estais em Roma.”

A comunidade, pois, já existia e Paulo apenas demonstra o desejo de visita-la para levar-lhe a sua visão de cristianismo, bastante diferente daquela de Marcos, cujo evangelho, escrito para os cristãos de Roma, foi elaborado com muito tato e cuidado por se tratar da metrópole que havia executado Jesus por crucificação, pena usualmente aplicada aos crime de sedição e lesa-majestade. O cristianismo foi levado para Roma por judeus seguidores de Chrestus – dicção de Suetônio -, que lá se concentraram com arraigados sentimentos messiânicos, provocando distúrbios determinantes de sua expulsão da cidade por Cláudio, então Imperador.

Papa, do grego pai, por papai/paizinho, empregado para designar o patriarca das diversas comunidades do primitivo cristianismo, não implicava, assim, universalidade de chefia.

A tradição da Igreja reza haver Pedro sido martirizado em Roma entre 64 e 67. Na placa dos Svmmi Pontifices in hac Basilica Sepvlti está gravado haver o seu papado transcorrido de 30 a 64; para isso seria necessário que lá já houvesse uma comunidade cristã estabelecida e que ele a fosse, então, chefiar para receber a designação de papa. O problema é que na época o conceito não se havia ainda formado, apenas laborando a partir das grandes comunidades surgidas mais tarde, cujo patriarca recebia a denominação de bispos, depois bispos e papas.

E a comunidade cristã de Roma não existia; o cristianismo, como tal, em 30 não existia, os evangelhos não haviam ainda sido escritos – os estudiosos, praticamente à unanimidade, têm o evangelho de Marcos, o primeiro dos canônicos, por escrito nos anos 70 – e Paulo, por essa época, estava em lugar não sabido, só reaparecendo em 49 quando, surgida entre ele e os companheiros de Jesus, em Jerusalém, a polêmica sobre a circuncisão e sobre o abandono da Torá, os discípulos, judeus, sem outros livros sagrados que não os de Moisés, rejeitaram firmemente a posição do recém chegado, obrigado, então, a levar sua concepção de cristianismo para outras paragens. A contenda foi, bem mais tarde, para os efeitos da historiografia religiosa, batizada de Concílio de Jerusalém.

Eusébio de Cesaréia, nascido em torno de 270, escreveu no Livro II de sua História Eclesiástica, números 2 e 3:

Naquele tempo, Tiago, também chamado Irmão do Senhor (Gl 1:19) – porque igualmente era filho de José; (…); este mesmo Tiago, a quem os antigos deram o cognome de Justo por causa de suas grandes virtudes, foi o primeiro a quem se confiou a posição de chefia da Igreja de Jerusalém.

Clemente, no Livro VI das Hypotyposeis, acrescenta: ”Porque – dizem – depois da ascensão do Salvador, Pedro, Tiago e João (sic), mesmo tendo sido os preferidos, não se honraram com o cargo; entregaram o bispado de Jerusalém a Tiago, o Justo.

O Livro II da História Eclesiástica foi escrito por Eusébio a partir de Clemente, Tertuliano, Josefo e Filon. Orígenes, pelo fim do século III, quando, pouco mais, pouco menos, nasceu Eusébio, já se referia a Tiago. Note-se que os textos dos assim chamados Pais da Igreja desenvolveram-se às apalpadelas, ausentes fontes seguras que corroborassem, pelo menos se aproximassem, da tradição oral. E isso produziu imprecisões de toda ordem, com prejuízos enormes para a confiabilidade dos textos chegados até nós; os copistas, por meio de quem os textos eram reproduzidos ou multiplicados, por razões diversas os alteravam, acrescentando ou cortando trechos. Existe um excelente livrinho – chamo-o livrinho pelo seu tamanho e pelo preço, disparadamente compensador – de um PhD em Teologia pela Universidade de Princeton, diretor do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade da Carolina do Norte e especialista em Novo Testamento, igreja primitiva, ortodoxia, heresia e manuscritos antigos, BART D. EHRMAN, que troca em miúdos por meio de linguagem simples e clara essa questão. O nome é O QUE  JESUS DISSE? O QUE JESUS NÃO DISSE? A edição é da Ediouro Publicações-PocketOuro-Agir Editora, com tradução de Marcos Marcionilo, muito boa. O título original é Misquoting Jesus: The Story Behind Who Changed the Bible and Why.

Ele trata, inclusive, da mexida nos capítulos de Marcos, da qual as gentes em geral nem suspeitam. Vale a pena ler.

Foi Jerusalém e não Roma a sede histórica do cristianismo, a primeira com Tiago, o irmão de Jesus, que assumiu a chefia do movimento por sucessão natural do irmão na forma dos costumes daqueles tempos, embora dele não fizesse parte durante a vida do irmão. Tiago foi executado por lapidação no cumprimento de pena fixada segundo a lei judaica em 62 da EC, no vácuo de poder romano na Judeia entre o término da Comissão de Porcius Festus e o início do período de Lucceius Albinus.

(continua)

ESTAVA ESCRITO (12)

15 quarta-feira maio 2013

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“(…). É difícil, na verdade, deixar de ficar nervoso com esta descrição do banquete imperial que celebrou o encerramento do Concílio de Nicéia:

Destacamentos da guarda imperial e de outras tropas cercavam a entrada do palácio com espadas desembainhadas. Os homens de Deus puderam passar sem medo em meio aos soldados, até o coração dos aposentos imperiais, onde alguns sentaram-se à mesa junto com o imperador e outros reclinaram-se em divãs espalhados dos dois lados. Quem olhava tinha a impressão de que se tratava de uma imagem do reino de Cristo – de um sonho, ao invés da realidade. (Eusébio, Vita Constantini 3.15; Brown 1982,16)

A refeição e o reino ainda estão associados, mas agora os participantes são bispos, que, é claro, são do sexo masculino. Eles se reclinavam, junto com o imperador, para serem servidos por outras pessoas. Talvez o cristianismo seja uma “traição” inevitável e necessária de Jesus, pois senão teria morrido entre os morros da Baixa Galileia. Mas essa “traição” tinha que acontecer tão depressa, ser tão bem sucedida e ser desfrutada dessa maneira? Não seria possível manter uma dialética mais equilibrada entre o Jesus e o Cristo em Jesus Cristo?”

(John Dominic Crossan* – O Jesus Histórico/Epílogo – Imago, Rio de Janeiro, 1994, p. 462 – Tradução de André Cardoso)

*John Dominic Crossan é professor de Estudos Bíblicos na DePaul University, de Chicago, e autor de vários livros, incluindo The Cross That Spoke, que recebeu o prêmio de Excelência da Academia Americana de Religião, e Jesus: Uma Biografia Revolucionária, também a sair pela Coleção Bereshit, da Imago. (Informações da Editora na `orelha`posterior da capa)

Quando se ‘olha’ para Jesus em busca da verdade, para o Jesus real, anterior a Constantino, caminha-se com a história e olha-se não somente para ele e sua época, mas também para aqueles que lhe terão sido próximos; às vezes fica-se desconcertado. Uma placa na Basílica de São Pedro, onde foram sepultados os corpos de uma quantidade de Papas (SVMMI PONTIFICES IN HAC BASILICA SEPVLTI), informa haver o Papado de Pedro transcorrido entre os anos 30 e 67 (da EC). Uma breve reflexão:

Lucas 6:15 na Bíblia de Jerusalém refere-se a Pedro como Simão, chamado Zelota; João Ferreira de Almeida grafa Simão chamado Zelote; em ambos, zelote é grafado com `z` maiúsculo. Marcos 3:18 o chama de Simão, o Zelote, grafado com `z` maiúsculo em João Ferreira de Almeida, quando a Bíblia de Jerusalém o chama de zelota com `z` minúsculo. Em Mateus 10:4 ele é também Simão, o Zelote, com maiúscula para João Ferreira de Almeida; na Bíblia de Jerusalém, Zelota também aparece com o `z` grafado em maiúscula. Zelote/Zelota com `z` minúsculo passa o real sentido do termo; grafado com `z` maiúsculo, a sensação é de tratar-se de nome próprio ou de família. Não é exatamente a mesma coisa e pode confundir quem não saiba da existência dos guerrilheiros urbanos judeus, que de nenhum modo aceitavam a submissão ao imperador romano, referido como um deus.

Pedro, Simão, pedra, cephas, um envolvente jogo de palavras inspirado por Isaías e pelos Salmos.

ESCÓLIO – Em Isaías 28:16 tem-se: Eis que porei em Sião uma pedra, firme, pedra preciosa, angular, um alicerce bem assentado; aquele que nele assentar-se, estará, como ele, firme e seguro. Na liturgia para a festa das Tendas (Salmos 118:22) encontra-se: A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular.

E mais: Mateus 16:17, em João Ferreira de Almeida, registra Jesus usando Simão Barjonas; em 16:18 usa Pedro. A Bíblia de Jerusalém usa em 16:17 Simão, filho de Jonas; em 16:18 usa Pedro. Mateus 21:44 tem a mesma compreensão em João Ferreira de Almeida e na Bíblia de Jerusalém: Aquele que cair sobre esta pedra ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela cair, ficará esmagado. É uma dicção de violência. Em João 1:42 Jesus diz: Tu és Simão, filho de João; chamar-te-ás Cefas (os dois documentos têm a mesma redação, acrescentando entre parêntesis que cefas quer dizer pedra). Em João 21:2-3 e 7 encontramos Simão Pedro. Em Atos 11:13 lemos Simão, cognominado Pedro.

COROLÁRIO – O apóstolo e seguidor de Jesus, irmão de André e filho de Jonas, nasceu Simão e com este nome provavelmente morreu. Com cefas para pedra e Simão, filho de Jonas, nada na realidade, em que pese o grego antigo, sugere Pedro. Na forma do Novo Testamento ele era um zelote e este não era um nome próprio ou de família, mas a autodenominação da facção de revoltosos de Israel, combatentes contra Roma, que não aceitava nenhum Senhor além de Iavé; e entre os zelotes estavam os sicários, de sica, adaga, assassinos frios e impiedosos. Jamais se entregavam; muito frequentemente em companhia da mulher e filhos, quando vencidos matavam-se entre si, inclusive mulheres e crianças, para, vivos, não se submeterem a outro deus, forma de apresentação dos imperadores romanos, como dito linhas acima.

No ano 30 da EC simãobarjonas (os textos da época não usavam pontuação e mesmo separação entre palavras) provavelmente estava em Israel, onde terá morrido combatendo os romanos. Trato deste tema com riqueza de detalhes – traçando paralelos zelotes/Simão/Jesus – em A Conspiração/Jesus de Nazaré, 1700 anos de Equívocos; pelo seu conteúdo e termos o texto não cabe aqui.

Entre os seguidores de Jesus estava simãobarjonas, um zelote, e isso é tudo.

Mateus 10:34 – Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada.

Lucas 12:49 – Eu vim para lançar fogo sobre a Terra e bem quisera que já estivesse a arder.

Lucas 22:38 – Então lhe disseram: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta!

(continua)

ESTAVA ESCRITO (11)

08 quarta-feira maio 2013

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absolutismo, carl oglesby, cefas

John F. Kennedy.001

Alvo de perseguições pouco tempo decorrido do surgimento, gozando de relativa paz, a não ser por Diocleciano, até Constantino, o novo cristianismo no nascimento descartou o seu legado essencial:
 
Jesus os chamou e disse: Vós sabeis que os governantes oprimem as nações e os apaniguados do poder dominam os cidadãos.
Não será assim entre vós. Ao contrário, quem quiser ser grande deverá ser o menor.
E quem quiser ser o primeiro deverá ser o último.
(Mateus 20:25-27)
 
O abandono desse legado reforçou a Igreja de Nicéia e Constantino. Estava surgindo um principado, uma nova categoria de príncipes.
 
Enquanto eram fixados os marcos da nova religião – que podia ser qualquer coisa, menos o produto dos primeiros apóstolos, construído à base dos ensinamentos diretos de Jesus -, Roma experimentou um vácuo político com a transferência em 330 da sede do Império para Bizâncio. E como a estrutura da nova religião se tornara entranhadamente política, começou no seio da Igreja a luta pelo poder eclesiástico central, definido em termos de riqueza, já então estabelecido que poder econômico, quando para isso dirigido, traduz-se em poder político e este, quando tendente para o absolutismo, desagua no poder total – conceito que formulo a partir de Carl Oglesby.
 
Nessa atmosfera competitiva, em cujo extrato se encontravam os principais bispos do Império, surgiu o mito de Pedro como primeiro Papa, uma impossibilidade histórica e um desvio fático: Com a morte de Jesus, a chefia do primeiro grupo cristão de Jerusalém ficou para ‘Tiago, irmão do Senhor’.
 
Depois de 3 anos eu subi a Jerusalém para conhecer Cefas (Pedro), com quem estive por 15 dias. 
Não vi nenhum dos outros apóstolos, salvo Tiago, irmão do Senhor.
(Gálatas 1:18-19)
 
Pedro era um dos membros do grupo, não havia uma chefia formal e protocolar; prevalecia a espiritualidade igualitária de Jesus, com a comunhão da Bolsa, somados a que o movimento surgira com um homem simples, um camponês pobre entre pobres, miseráveis e enfermos rejeitados em seu chão de origem pela sociedade da época, uma situação marginal, na qual o movimento se mantivera.
 
O papado de Pedro foi uma formulação política de Silvestre para uso político no embasamento de sua postulação ao governos geral da Igreja a partir do seu bispado de Roma. Sua lógica, meramente argumentativa: Pedro foi bispo de Roma (na época não havia o papado como o conhecemos) e chefe da Igreja; eu sou bispo de Roma, logo, cabe a mim, com base no precedente, a chefia da Igreja. Dado incontestável: Pedro não foi bispo de Roma, dificilmente lá terá estado e nunca chefiou a Igreja que, em seus primórdios, um movimento judeo-cristão, no seu tempo algo híbrido, não existia como tal. Roma, a propósito, era território de Marcos, para cuja comunidade escreveu o seu evangelho, uma visão quase geral entre os estudiosos (v.g. Brandon, cf Jesus And The Zealots). Mas, ungido de Constantino, que decidia sem nada saber da historiografia cristã, acabou novamente beneficiado pelas preferências imperiais, superpondo-se aos demais bispos. Deixando Roma por Bizâncio, o Imperador deixou-lhe a autoridade da magistratura ocidental, a ele subordinando os grandes bispados de Constantinopla, Antióquia, Jerusalém e Alexandria. Além disso, com a total autoridade temporal do ocidente, apartava-se completamente do Império do Oriente. Seus símbolos de poder: O manto púrpura e a escolta de cavalarianos dos príncipes. E o palácio de Latrão, outro mimo imperial.

(continua)

ESTAVA ESCRITO (10)

01 quarta-feira maio 2013

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LiberdadeOK.001

Depois de introduzir na religião os símbolos do paganismo, os seus símbolos, estampados inclusive em moedas, Constantino convocou Nicéia em 325, um Concílio do Império com a pompa e o luxo imperiais, conduzido pelo Imperador coadjuvado por Eustáquio de Antióquia, Macário de Jerusalém, Silvestre, Bispo de Roma pelas graças do Senhor do Império, com dois religiosos menores por prepostos, Alexandre de Alexandria e outros. O ouro do trono imperial, símbolo do poder, alinhavou a união Estado/Igreja para garantia da ordem no mundo conhecido, o mundo romano. Aberto o caminho para o dogma, o que ali se decidisse fixaria o princípio, a regra pétrea e inexorável que não admitiria contestação ou desvios, a administração inflexível da fé com o poder do Estado romano.

Fixou-se no dogma de Constantino a divindade de Jesus: “Filho de Deus, nascido do Pai, filho unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, consubstancial ao Pai, por Quem foram feitas todas as coisas.”

Em 19 de Junho foi promulgado o Édito do Império para a Igreja, afastando de vez o Jesus dos primeiros 300 anos do cristianismo. Surgiu um novo Jesus, apresentado a partir de Nicéia na forma do Decreto Imperial. O crucificado de Jerusalém foi definitivamente sepultado; nada restou do homem, perpetuou-se o símbolo, aquele do Cristo, que eclipsou a pessoa do camponês Galileu.

“Les biographes antiques, Juifs ou Grecs, ne se souciaient pas de suivre le fil continu d’une vie pour en déterminer la trajectoire, en s’attachant à l’homme privé autant qu’au personnage public. Ils ne racontaient pas une vie dans l’idée de créer une relation sentimentale entre leur héros e leurs lecteurs mais ils lui donnaient une valeur emblématique que illustrait un caractère, un mode de vie, une idéologie. Dans l’Antiquité, la biographie se voulait démonstrative e non documentaire; elle était donc sélective. Quand elle relatait un récit d’enfance, il s’agissait toujours d’une enfance miraculeuse, présageant l’importance exceptionnelle du personnage. Ainsi sont les vies d’hommes illustres et de filosophes, ainsi sont les évangiles: indéniablement, ils présentent Jésus comme une figure, celle du Christ.”

(Marie-Françoise Baslez – Bible et Histoire – Librairie Arthème Fayard, Paris, 1998, pág. 184 ao fim, e 185 ao início. Se você não lê o Francês, selecione este texto, vá ao rodapé da página, clique e escolha ‘traduzir’ do Francês para o Português/Seu idioma; digite na terceira caixa onairnunes@blog.com e clique a seguir em translation).

Ário foi proibido e descartado, os presbíteros puros de Novaciano também.

Ário da Líbia, discípulo de Luciano de Antióquia, ordenado em 319 em Alexandria, sustentava, com outros religiosos da mesma formação teológica, que Deus, incriado, existe por Si, sem começo ou fim; o Filho, a Segunda Pessoa da Trindade, criado, com começo e fim, havendo nascido como qualquer outro ser vivente, não poderia ser Deus no mesmo sentido do Pai, ou Dele uma extensão, mas filho por adoção. O arianismo, considerado uma heresia, na verdade revolveu em termos específicos e forma doutrinária uma questão que remontava às próprias origens da Igreja, acirrando e aprofundando antigas divergências. O debate girava em torno da pessoa de Jesus, definitivamente consagrado como o Cristo das Escrituras. Para alguns sua humanidade era indiscutível, embora especial e superiormente diferençada dos demais seres humanos; para outros, era um ser hierático e divino, sem alcançar, contudo, a dimensão de Deus. As primeiras sistematizações viram a divindade de Jesus no Pai e sua humanidade no Filho consubstancial ao Pai. Na permanente busca da unificação doutrinária, prevaleceram as disposições do Primeiro Concílio de Nicéia, cujo Credo decretou que o Filho e o Pai são feitos da mesma substância e descartou definitivamente a teoria da adoção ou constituição do Filho por paralelismo com o Pai, passando essa a ser a posição oficial da Igreja. (Onair Nunes – A Conspiração dos Medíocres – Nota 102: Primeiro Concílio de Nicéia, Éfeso e Calcedônia)

O Concílio de Éfeso, convocado em 431 por Teodósio II e Valentino III, rechaçou o nestorianismo, uma forma nova da antiga divergência que considerava ser Maria a mãe do Jesus homem e não do Jesus Deus, reafirmando o Credo de Nicéia e reiterando que Jesus era, numa só pessoa, Deus e homem, passando Maria, por extensão, a ser oficialmente considerada Mãe de Deus, com status divino por ser a mãe de Jesus. O Concílio da Calcedônia, convocado por Marciano em 451, rejeitou a doutrina da natureza única e divina de Jesus, sem qualquer traço humano, vinda de Constantinopla a partir de Euticho, reafirmando sua natureza divina e humana, inseparáveis, em última análise o Credo de Nicéia.

(segue)

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