– O que quer venha de pior me atingirá, meu amor; morrerei se algo te acontecer.
– Beijo-te, meu carinho; agora vai, peço-te.
Ele esperou Marie-Anne começar a cavalgar em direção ao Palacete, em seguida encurtou forte as rédeas do árabe, que empinou; soltando-as ao mesmo tempo em que lhe cingia os flancos com o taco das botas, o animal disparou para os lados do atalho que levava ao caminho de Épernay.
O resto da tarde arrastou-se para Jean-Philipe; estava taciturno, lento e desconcentrado. Todos perceberam, algo não ia bem para ele.
Começara, já, a anoitecer quando encerrou as lições daquele dia. Deboucourt, três anos mais velho que ele, seu companheiro desde sua chegada a Vailliers, também originário de Paris, e, como ele, mestre de equitação, aproximou-se.
– Penso que estás necessitado de uma boa caneca de vinho antes de voltares para casa; por que não vens comigo à Taberna para bebermos e conversarmos um pouco?
Jean-Philipe olhou-o indeciso.
– Não sei se serei boa companhia.
– Sou bom ouvinte e tu estás precisando falar, se bem te conheço após tantos anos; vem comigo!
– Voilà! Se tens paciência com este teu velho amigo, eu realmente estou precisando de uma boa talagada e de falar um pouco.
Após trocarem de roupa e guardarem seus pertences, deixaram o Círculo de Hipismo. Chegando à Taberna foram alegremente saudados, Deboucourt fazendo mesuras e fingindo estocadas num e noutro, ao que exclamavam touché!, apertando com as duas mãos os ventres. Sentaram-se a uma pequena mesa quadrada ladeada por dois toscos bancos individuais, bem nos fundos do amplo salão, e pediram vinho.
(…)