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Arquivos Mensais: junho 2011

DEFENDENDO-SE DOS DELINQUENTES NA REDE

27 segunda-feira jun 2011

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Sob a chamada de capa ARMADILHAS VIRTUAIS – Os criminosos virtuais fazem novas vítimas a cada instante. E o pior: combatê-los não é nada fácil, o Jornal do Advogado da Secional da OAB de São Paulo deste mês de junho de 2011 faz em suas páginas centrais nºs. 16 e 17 grave alerta para o alto nível de risco a que se expõem quantos, por necessidades gerais, profissionais ou por simples lazer transitam pela rede mundial de computadores.

 Embora a preocupação cristalizada na publicação da Ordem, o artigo – Os desafios de combater o cibercrime – é de marcante interesse não apenas para os advogados; o papel desempenhado por nossa entidade de classe transcende, historicamente, os interesses dos profissionais do Direito, projetando-se no sentido dos interesses legítimos de toda a sociedade brasileira.

Detalhando os recentes e poderosos ciberataques que evidenciam a necessidade de investir em proteção e segurança no mundo virtual, o texto destaca o expressivo montante de US$150 bilhões que, no mundo todo, estima-se haver sido faturado pelos criminosos virtuais em 2010 com dados roubados de pessoas físicas e de empresas. Do software malicioso, que registra e transmite para endereços virtuais especificados quando de sua configuração informações do patrimônio intelectual/profissional/comercial e industrial, além do pessoal e geral de pessoas e empresas, passando pela recomendável utilização de redes privadas para a guarda dos dados mais valiosos, o artigo põe em tela o desafio de fazer a internet um lugar seguro para todos.

Do método fishing ao acionamento remoto do microfone ou da câmara do celular para controlar o usuário ao encurtamento de endereços de sites (URLs), popularizado pelo Twitter, o alerta vai às cifras das atividades dos bandidos, cuja diversificação, assinala, afinal, desperta o receio de que, em atos extremos, pode atingir populações inteiras.

Peço licença para transcrever as Dicas de proteção e segurança oferecidas à página 17:

– O sistema operacional e os programas do computador devem estar sempre atualizados, pois muitas das atualizações feitas destinam-se justamente a corrigir falhas de segurança

– Use sempre ferramentas de proteção, como um bom programa antivírus, um anti-spyware (contra programas espiões) e um firewall

– Nunca clique em links que apontem para sites desconhecidos sem antes conferir o seu destino. Para isso, clique com o botão direito do mouse sobre o link e confira suas propriedades

– Troque suas senhas periodicamente e evite as muito simples, como 22222

– Não use a mesma palavra-chave para vários serviços na rede

– Lembre-se que bancos e órgãos públicos nunca pedem dados como senhas por meio de mensagens eletrônicas

– Não use máquinas públicas, como as de cibercafés para acessar serviços bancários ou fazer compras pela internet

– Antes de fazer compras em lojas virtuais, verifique se o ícone do cadeado está no canto inferior da tela e confira se a empresa existe fisicamente, tem endereço, telefone fixo etc.

– Ao baixar arquivos da internet, faça sempre uma varredura com o programa antivírus

– Ao receber mensagens genéricas em redes sociais evite clicar em links

– Jamais divulgue informações confidenciais em fóruns de discussão e em redes sociais, nem divulgue fotografias ou vídeos pessoais. Criminosos pesquisam o perfil de suas vítimas na internet

– Não coloque seu e-mail em sites desconhecidos e não repasse correntes, que são utilizadas por spammers para aumentar suas listas de endereços

– Apague todo o material de remetentes desconhecidos e nunca abra anexos sem antes passar o antivírus

CORREÇÃO

13 segunda-feira jun 2011

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Os números/pesos atômicos de materiais obedecem a uma escala de 01 a118.

Por favor, na hipótese de esquisitices neste blog entrem em contato diretamente comigo: onairnunes@yahoo.com.br

 Agradeço.

EXTRATOS (continuação)

12 domingo jun 2011

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(…)

Dos bilhões de graus iniciais a temperatura do Universo caiu aos três minutos para perto de um bilhão, reduzindo-se a algo em torno dos mil graus dos trezentos mil ao milhão de anos; nesse período, combinadas, as forças universais formularam leis de causalidade e finalidade. As rotinas construtivas e os materiais para sua implantação vieram a seguir.

 

 

 

32 — CAUSALIDADE: todo fenômeno, inclusive o existencial, tem uma causa; as ocorrências no tempo e no espaço verificam-se em função do nexo causal assentado em ocorrências anteriores, independentemente da ordem em que se encadeiem os fatos por elas produzidos. Há sempre uma razão para o que acontece, ainda que isso não seja de pronto percebido ou mesmo apreendido a qualquer tempo ou de qualquer modo; o acaso, como o inesperado, é uma ficção útil e consoladora não recepcionada pelo pensamento estruturado, perceptivo do que foi refletido em tudo o que é, lastro da finalidade e causa do que será. Tudo, rigorosamente tudo na natureza, inclusive você e o que lhe concerne, é produto de prolongada sucessão de causa e efeito, não importa quão remota seja a causa.  Não existe solução real para as questões não equacionadas a partir de suas causas. Inteligências que desconhecem a origem de suas idiossincrasias, de suas imperfeições, não encontrarão em fórmulas genéricas e impessoais, estranhas à sua história de vida, uma via para se resolverem; apenas as sublimarão, com as nefastas lesões subliminares frequentemente observadas.

Prótons e nêutrons, núcleos em dubleto, juntaram-se e foram mantidos jun tos pela força nuclear forte para formar o núcleo positivo de uma nova partícula energeticamente estável, ao redor do qual elétrons e prótons orbitaram em ondas de comprimento proporcional à velocidade de cada uma.

33— NÚCLEONS: designação genérica das partículas que compõem o núcleo atômico.

34— DUBLETO: duas partículas fundamentais com massas aproximadas, cargas elétricas diferentes e mesmo número bariônico, de bárion, designação genérica de partículas elementares pesadas compostas de três quarks e sensíveis a interações fortes. Esses números são Zero para léptons e bósons, 1 para os bárions e –1 para os antibárions. O número bariônico indica propriedades conservativas, aquelas em que, nas interações entre partículas, a soma dos números bariônicos permanece a mesma. O princípio da conservação dos bárions é fundamental na física.

Fez-se o átomo.

Tudo na natureza é feito de átomos, amarrados para constituir as moléculas; uma das moléculas mais simples, a da água, é formada por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Ela define quimicamente um produto. O termo foi usado nas especulações dos filósofos gregos da antiguidade para exprimir o que julgavam ser a menor divisão da matéria, permanecendo a partícula por ele designada muito mais indefinida do que indivisível até o início dos anos 30 do século XX.

Niels Bohr — ver Nota 27 — postulou em 1913 que elétrons orbitam no núcleo do átomo como pacotes quânticos de quantidades variáveis que concluem a estrutura da partícula quando se definem. Para ilustrar a idéia do tamanho incrivelmente pequeno do átomo: uma gota de água tem cerca de 1–21 átomos, um antecedido de vinte e um zeros. É, a despeito disso, em torno no seu oco central, de carga positiva, onde está a sua massa, que os elétrons orbitam bilhões de vezes por segundo e contrapõem-lhe sua carga negativa, fazendo-o uma partícula neutra. A quantidade de elétrons define a sua massa; o número de massa e o número atômico o identificam como um elemento químico, aquele em função do qual as reações químicas são produzidas.

Em 1919 Sir Ernest Rutherford, físico britânico nascido em Nelson, Nova Zelândia, em 1871, notável por suas pesquisas sobre a radiação e a ionização dos gases, submeteu nitrogênio a uma fonte radioativa emissora de partículas alfa, percebendo que, colidindo com os núcleos dos átomos do gás, elas os transformavam em núcleos de átomos de oxigênio. Esses núcleos, mutantes, emitiam partículas positivamente carregadas; eram os prótons. Em 1932, outro físico inglês, Sir James Chadwick, descobriu no núcleo do átomo uma nova partícula, o nêutron, idêntica ao próton, exceto por ser destituída de qualquer carga. Os átomos, ficou evidente, não eram indivisíveis, compunham-se de prótons e nêutrons.

A palavra átomo chegou ao grego a partir dos deuses cultuados nos Santuários do Egito antigo; Heliópolis era o principal, além de três outros grandes Santuários, Hermópolis, no meio Egito, Mênfis, entre Heliópolis e Hermópolis, e Busíris, na região central do delta do Nilo. Cada um tinha o seu deus numa trindade e uma família de nove deuses, a eneada, termo derivado do grego ennea, nove. Na Heliópolis de Osíris a eneada abrangia cinco deuses e quatro deusas: Thot, Ptah, Knemu, Amon e Hapi, Seket, Mut, Athor e Neit. Adorado em Mênfis, Ptah converteu-se em um deus de grande prestígio; Amon, quando o Egito esteve sob o domínio de Tebas, ganhou proeminência.

Contavam as teogonias da época, construções místicas explicativas da criação do mundo e dos deuses, que estes surgiam de escarraduras do demiurgo, para Platão o semideus organizador da matéria preexistente para formar o Universo e criar os homens, modelados e construídos com terra ou barro. Todos os Santuários tinham teologias que orientavam os seus ensinamentos.

Duas divindades interessam diretamente a esta reflexão:

– Noun, Nou ou Naou, deus do caos, oceano primordial no qual se continham os germes das coisas e dos seres. Considerado anterior a todos os deuses, era um deus solitário, sem templos ou adoradores.

– Atoum e Toum, Atoumou ou Toumou, divindade pluralizada em designativos da mesma etimologia, implicava um ser completo e perfeito; deus local em Heliópolis, ele era em Noun, antes da criação, um ente não manifestado, somatório de todas as existências. Depois, associado a Rê, o grande deus solar, passou a ser adorado como Atoun-Rê, dando origem na forma da sua mitologia aos deuses, aos homens e aos demais seres, sendo identificado no Sol levante — o Grande Átomo. Considerado ancestral do gênero humano, representava-se no touro Mnévis, cuja cabeça de homem era cingida pelo pschent, a dupla coroa dos faraós e dos deuses egípcios; como de sua teogonia originara-se de si mesmo, não havendo sido gerado.

O culto de Atoun-Rê foi amplamente difundido no Egito; sua tríade em Mênfis completava-se com as deusas Jousas e Nebet Hotep, nela se originando sua descendência, Shu e Geb, Nut e Tefnut. Nasceram de Geb e Nut Osíris e Set, Ísis e Nefertiti. Ísis tornou-se mulher do irmão Osíris  que reinou sobre a Terra depois de Rê. Invejoso, Set assassinou o irmão e usurpou o trono. Osíris renasceu pelo poder de Ísis e tornou-se soberano do mundo dos mortos; nascido dos dois, Horus derrotou Set e recuperou o trono que lhe pertencia, passando a reinar sobre a Terra.

A partir da quinta dinastia, declarando pertencerem à linhagem de Rê, ou Ra, os Faraós impuseram-se como divindades e instituíram o culto oficial do deus, que mais tarde, durante o domínio de Tebas, foi associado a Amon, assím surgindo o deus Amon-Rê. Amenhotep III, ou Amenophis, terceiro dos quatro faraós da 18ª dinastia com esse nome, proclamou o Sol como o deus Aton, palavra que designava a energia solar; Amenhotep IV, seu filho, abolindo todos os deuses, proclamou Aton deus único, mudando seu próprio nome para Akenaton, aquele que é devoto de Aton. Foi ele, ao redor do ano  -1.500, até onde se pode alcançar na história, quem primeiro instituiu o monoteísmo, abandonado depois de sua morte.

Revisitar o átomo é compreender um pouco da simbologia adotada (…), (…)., a Criação, Adão, modelado em barro, Eva e a serpente, símbolo do caos, o assassinato de Abel por Caim, o irmão invejoso, (…), encontrada em outros cultos e filosofias dos tempos anteriores (…), além da tríade egípcia; poderia estar muito próximo (…), por exemplo, no Avatar, no geral representação humana de um deus e no particular reencarnação de Vichnu, segunda pessoa da Trindade do Bramanismo (…).

(…), claro revigoramento das fontes astrais arquetípicas em que beberam os formuladores de doutrinas e preceitos que acabaram por prevalecer.

(…)

____________________

A quantidade de prótons e elétrons no núcleo do átomo definiria o número/peso atômico dos materiais por ele formados, nos extremos 1 para o hidrogênio e 92 para o urânio. Os núcleos dos materiais se constituiriam de diferentes átomos, habitualmente com a mesma quantidade de prótons; a quantidade de nêutrons poderia variar.

35 — NÊUTRONS: Bárions eletricamente nulos, massivos, na ordem de 939,56 milhões de elétrons-volts segundo a equivalência massaenergia da fórmula E = mc2 de Einstein, 1/2 de spin isotópico ou número quântico pelo qual se diferenciam os hádrons, que exibem as mesmas propriedades nas interações fortes; embora quase gêmeos em massa, têm cargas elétricas diferentes. Com 1 de número bariônico e spin 1/2, eles interagem sob a força nuclear forte que atrai quarks para formá-los e aos prótons, cujos quarks, por sua vez, atraem os quarks de outros prótons ou nêutrons, rotina atrativa que mantém a estabilidade dos núcleos atômicos. (Ver Nota 20)

Os produtos formariam grupos diferençados pela densidade, fixada pela distância entre os seus átomos. Com massa, variando segundo o grau de concentração atômica de cada um, os seus núcleos tornar-se-iam fontes gravitacionais que atrairiam elétrons; orbitando os núcleos, enfeixando-os de modo estável, eles especializariam os materiais formados pelos feixes, ou moléculas, a argamassa com a qual se construiriam todas as coisas, das mais simples, das estruturas que sustentariam as mais complexas formas, até os mais elaborados sistemas. O total de energia liberada no processo de constituição da massa do núcleo do átomo determinaria sua quantidade teórica de prótons e nêutrons, definindo-lhe o número de massa, variável, que caracterizaria quimicamente cada feixe, ou molécula.

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Com a queda da temperatura, os gases, sem nenhuma organização espacial, extremamente sensíveis às variações térmicas, se consolidariam. O hidrogênio e o hélio formariam nuvens cujo volume se manteria estável sob temperatura constante e pressão moderada; sob elevada pressão, seus espaços intermoleculares diminuiriam, reduzindo-lhes o volume. Com a queda permanente da temperatura em virtude da expansão do Universo, o esfriamento gradual reduziu-lhes a área de superfície e aumentou, milênio após milênio, o seu quociente de pressão, baixando a atividade molecular; compactando-as, esse processo as fez pólos gravitacionais de si mesmas ao provocar elevado grau de densidade. Por efeito da própria gravidade, as nuvens de hidrogênio foram empurrando para o centro os seus átomos,  formando núcleos cuja temperatura aumentou à medida da sua crescente compactação; pesadas, ondeariam cada vez mais devagar pelo espaço até estacionarem.Milhões de anos decorridos se tornariam corpos massivos e logo reações nucleares inflamariam o gás ao redor do núcleo, provocando intensa resplandecência. Irradiariam, então, alto grau de energia. Assim terá surgido a primeira geração de estrelas, pequenas estrelas.

36— REAÇÕES NUCLEARES: ocorrem em ambientes muito densos e quentes. O calor é provocado pela rápida movimentação das partículas e se intensifica à medida do aumento de sua aceleração. Originam-se de uma gigantesca relação de energia de fonte única,  podendo ser provocadas pela contração gravitacional.

Crias incandescentes do jovem Universo, a forte energia irradiada foi parcialmente transformada em corpúsculos com massa. Então, núcleos instáveis combinaram-se com os núcleos de massa 2 e 3 do hidrogênio e de massa 4 do hélio, formando núcleos de massa 5, em leve ampliação da constante de proporcionalidade entre a força à qual estavam submetidos e a aceleração de suas partículas, aumentando ligeiramente, por extensão, a massa de cada um, operando-se nesse processo a transição do hélio para o ferro com a adição do oxigênio, gás de notável facilidade de dispersão de massa, cujo núcleo se constituiu de partículas múltiplas de quatro, metade prótons, metade nêutrons.

Cessando a faina de atração e combinação de partículas, as reações químicas entre elas ativaram-se na catálise de pares de prótons e nêutrons, formando-se frouxamente ligados entre si blocos construtivos combinados por sua vez com partículas ao redor, prolongando a curva de dispersão de massa para além do núcleo do ferro até o extremo em que a dispersão por partícula elevou, em razão da repulsão elétrica entre diferentes prótons, a proporção de nêutrons para acima dos 50 por cento, formando-se núcleos leves e meio pesados. Intensa a dispersão e baixo o grau de adensamento  face à maior quantidade de nêutrons em relação aos prótons, reduzindo a repulsão elétrica, surgiriam núcleos instáveis de baixa energia, gerando os   elementos pesados — mais pesados do que o hélio —, como o urânio; com quarenta por cento de prótons, sob reduzida repulsão elétrica, sua índole radioativa perderia energia, liberando partículas que, quando combinadas, o que de raro aconteceria, se manifestariam como forças nucleares se, sob constantes atômicas, partículas próximas se tornassem muito poderosas, desencadeando o processo.

37— PARTÍCULAS: são as menores porções de matéria detectadas e detectáveis; partículas elementares são as porções de matéria consideradas indivisíveis. Numa primeira visão são gotas de energia (Ver Notas 19 a 21 e 26).

Núcleos positivamente carregados se repeliriam; sua carga positiva, porém, não repeliria os nêutrons ao redor, sendo, antes, por eles atraídos e adensados, daí resultando uma crescente aceleração de partículas que iria, por via de conseqüência, aumentar o calor. O sobreaquecimento da região nuclear elevou-se a níveis extremos, fez subir a temperatura dos corpos e, compensando a gravidade, converteu os seus núcleos em usinas nas quais, sob alto calor e elevada densidade, sintetizaram-se os elementos pesados. Aceleradas, as partículas entraram num ritmo alucinado, numa frenética disparada em todas as direções que fez girar os corpos, irradiando energia, perdendo massa e contraindo-se, ganhando densidade. Irradiando energia  perderam calor sob a forma de luz no concurso massa/luminosidade/raio; as partículas serenaram, reduziu-se o empuxo dos corpos, estabilizados ao compensarem com a gravidade a baixa atividade repulsora, precisamente como no seu nascimento. Surgiram assim as grandes estrelas.

Não ultrapassando a velocidade das partículas o ritmo de perda de energia, os corpos se adensaram até o limite máximo, originando um fator gravitacional, logo um poder de atração, maior do que a força de repulsão, alterando as características dos elétrons que se fundiriam aos prótons para formar nêutrons abundantemente, conferindo às estrelas sobreviventes a esse processo, nem sempre formador de estrelas de nêutrons, propriedades especiais. Os centros gravitacionais dos corpos encolhidos até o limite em virtude da perda de substância pela queima total dos materiais nucleares entrariam em colapso; a temperatura aumentaria e a rotação, inicialmente pequena, dispararia vertiginosamente desarranjando os corpos como se os descascasse, surgindo uma Supernova. Os resíduos da casca, juntamente com os materiais sintetizados no núcleo, se dispersariam no espaço com a composição do instante em que atingida a maior temperatura e densidade; tornar-se-iam poeira cósmica, gases, restos de todas as formas e tamanhos que, recombinados, produziriam novas estrelas, entre elas os sóis, outros corpos celestes, cometas, asteróides, planetas e suas famílias. Os produtos das Supernovas constituir-se-iam, também, matéria prima para a produção de formas físicas de vida; o carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o silício e o ferro seriam usados na construção e manutenção de corpos animados, os nossos, por exemplo.

O Universo, reproduzindo o seu nascimento nas grandes explosões estelares, recria-se permanentemente. Estrelas pequenas e médias, o nosso Sol tomado como exemplo destas últimas, não explodem; dilatadas, findo o seu combustível, colapsam, tornando-se gigantes vermelhas, encolhidas até se tornarem anãs brancas, densos corpos esféricos radiando restos de calor, estiolando-se a pouco e pouco até se extinguirem completamente e reverterem à forma de pura energia.

Todas essas formidáveis forças cósmicas fazem parte, de um modo ou de outro, da mágica, remota e insondada memória de nossa origem.

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As energias errantes da primeira eternidade, primitivo remoinhar de forças, não chegaram à sua quintessência, o modo inteligente, inviabilizando a plena manifestação da forma superior que consubstancia as energias em estado organizado; depois, uma força a priori – ante mare undæ -, pré-consciente, eternidades decorridas, se manifestaria por efeito de Si mesma,independentemente de toda experiência, no ato de criar-Se o Seu momento, projetado pela sétima eternidade.

A Criação se terá virtualmente verificado na convergência de forças elementares convoladas a energia inteligente, uma categoria fundamental do pensamento latente desde antes das eternidades, do tempo, consumada ao sobrepor-se na desordem ao princípio do não ser, eliminado quando os desiguais se complementaram na fértil comunhão dos opostos, tese e antítese equilibrando a razão universal e repelindo o unipolar, estéril, sem compromisso com a realização da vida. Essa superlativa forma de energia assentaria os alicerces da materialização da vida, pré-existente, porque uma de suas formas, a ordem prevalecendo a partir da enteléquia, que se manifestaria como pressuposto do produto universal, uma inteligência poderosamente transformadora, a perfeição contraposta à sua origem.

O projeto elaborado a partir da Vis Viva especificaria seres únicos, para a grandeza, categoria de semideuses planejada para a celebração da beleza. Algo, todavia, sairia errado; o peixe que se arrastaria desajeitado para a terra de um planeta distante na eternidade da Criação feita evolução não inauguraria uma descendência apta a relativamente breve e saudável desenvolvimento, mas, ao invés, seres escamosos, saltadores, rastejantes, efeitos do sangue frio, falhos de potencial evolutivo, presos aos pântanos, insuscetíveis de otimização, indistintos e imperfectíveis, propagados num amplo leque de excentricidades, criaturas sem sombra, tão rasteiras, uma  perspectiva assustadora. Maculada, a idéia original imergiria na celeuma das espécies e com ela a raça semidéia, anelo da inteligência primordial.

Abortar o projeto seria a solução natural; demasiado longo, porém, o caminho percorrido, havia sido tocado o ponto de não retorno. Rever os programas, reinstalar o processo seria talvez o passo mais lógico, todavia inexequível. O recomeço exigiria, além da reformulação dos programas, nova especificação dos componentes físicos do planeta, pré-requisito para viabilizar sua execução; complicado, melhor mudar de planeta, mas o que fazer depois com ele? Abandoná-lo, simplesmente, quando já formatado? Constituíra-se um alentado banco de dados e um consistente conjunto de informações que permitiria uma recombinação de instruções na hipótese de simples revisão do projeto, se bem que, sopesadas as probabilidades, a opção envolvesse riscos, mesmo para a prodigiosa inteligência reitora da evolução. Adaptações feitas resultariam em um ser híbrido de naturezas opostas movido por criaturas antagônicas, uma delas, num cérebro novo, inteligente, outra, a besta do cérebro antigo, só instinto; os riscos ficariam por conta de provável insubmissão desta e na possibilidade efetiva de se tornar invasiva, gerando na criatura do cérebro novo condutas colidentes com a razão de sua constituição, tornando-a incontrolável por ser dotada de inteligência.

Precário o desenvolvimento do projeto nessas condições, extinções em massa eliminaram no geral os exemplares imprestáveis e preservaram os de menor dispersão de características para se desenvolverem de modo alternativo, mas conciliável com o modelo planejado de vida física para o planeta, perdido quando de sua implantação. Desse processo resultaram produtos os mais diversos, a peçonha de cobras e lagartos, a obtusidade das tartarugas, o tronco estacionário dos grotescos e vetustos crocodilos e jacarés, os répteis aquáticos e voadores, o dinossauro ancestral, de poucas raças, que terão desenvolvido mecanismos de sangue quase quente, aves, os pássaros com seu canto mavioso e suas cores deslumbrantes, além do sinapsídeo, ascendente direto do ornitorrinco e chassis do primeiro animal de sangue quente, matriz do produto alternativo possível, pai de todos os mamíferos, do mono, ancestral em linha direta dos primatas, do homem, realização provisória, carente de aperfeiçoamento, uma espécie indistinta de santos e de monstros, de heróis e de poltrões, tal ou qual coisa, em seu íntimo todo um universo, todos os infernos, uma quantidade de paraísos, necessitando, para aperfeiçoar-se, de infinitamente mais verões e invernos do que uma simples existência lhes poderia proporcionar. Selvagens de origem, boa parte assim permaneceria mesmo quando, decorridos muitos milhões de anos, uma quantidade deles houvesse deixado ao longo de muitas existências bocados de sua selvageria e se tornado capaz de afeto, de chorar os seus mortos em comovidos preitos de saudade, e de, chegada a primavera evolutiva, acalentar sonhos e ideais, orar em canções eternais  para não enlouquecer com a cantilena monocórdica dos arautos da rotina, não se enfeitiçar com o cantochão das manadas e não se deixar entontecer pelo incenso dos santarrões incapazes de descortinar um milímetro além de sua peculiar banalidade e desenredarem-se da crueza selvagem muitas vezes encoberta por um esfarrapado manto de polidez ou santidade.

Não mais que um punhado em cada geração, uns poucos, resgataria a pureza maculada nos charcos pré-cambrianos onde materializada a vida a partir de protozoários, enquanto uma inumerável quantidade de toscos, brutos e lamentáveis celebrantes da mediocridade, reduzidos a si mesmos, permaneceria fera, réptil, ameba, no limiar, os estacionários da espécie.

Configurado a partir de criaturas privadas de atributos intelectivos, produto de fatores humanizantes combinados ao longo de um espinhoso processo, o ser inteligente emergiu hesitante de um complexo acumulador de neurônios destinado, sobretudo, a neutralizar o instinto e a controlar as emoções. Tal resultado não seria obtido quanto à generalidade da espécie; o cérebro antigo resistiria obstinadamente, lutaria para fazer prevalecer o limitado e rudimentar conjunto de programas por ele operado desde as mais antigas versões da vida substantivada. A besta jazeria no mais fundo da criatura inteligente ébria do cheiro de sangue gravado na memória da espécie, descendo-lhe às narinas, estumando-a, estimulando-lhe o bocado selvagem.

Combinando fatores tardios, a evolução reprogramaria exemplares primitivos isolados, provendo-os de meios para evoluírem no sentido da criatura superior possível, capaz de interagir com os seus semelhantes, e a eles associar-se na utilização útil do seu hábitat. E lograria, à medida do desenvolvimento de sua potencial habilidade, adaptá-la, melhorando-lhe a conformação das mãos e adequando a visão à vida operativa. Suas cordas vocais, rudimentares, seriam reordenadas para possibilitar a comunicação via sons articulados, habilitando-a à troca de experiências, à transmissão e partilha de conhecimentos para não desaparecer com ela o conhecimento adquirido, poupando os seus descendentes do esforço e do desperdício do reaprendizado a partir do zero do quanto necessário para a sobrevivência, ou lhes valesse para escrever a própria história. Coroando a remodelação, foi-lhe acrescentado, sem vinculação com o limitado dispositivo original acelerador das forças biológicas e de controle orgânico, um mecanismo de funções típicas que lhe ensejaria, a par da evolução da forma, evoluir no sentido de especificidades que distinguiriam a sua espécie das demais do planeta, preparando-a para refletir sobre si mesma e afastar a animalidade da origem. Um complexo encefálico único seria estendido, a partir da região olfativa, por toda a área superior e anterior da caixa craniana, abarcando o dispositivo original, o cérebro antigo.

Após longa parada a evolução retomaria o curso, redirecionando-se, não deixando no registro fóssil, dada a sua natureza, vestígios dos ajustes feitos. Somente adaptadas, as novas criaturas, de natureza dúplice, seriam alvo das investidas do réptil e da fera ancestral que nelas coabitariam; se estacionárias nos estratos mentais, inferiores, de sua construção primitiva, permaneceriam submetidas ao instinto. Pior; a partir do poderoso arsenal intelectivo de que se dotariam, desenvolveriam no transcorrer do tempo disposições predatórias em muito excedentes às dos seus mais cruentos antepassados da floresta.

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Este Universo onde vivemos, com o qual, diria Einstein, Deus não joga dados, quer dizer, no qual nada acontece por acaso, surgiu para abrigar mundos, para a substantivação da vida, inteligente, ainda que  em formatos diversos, à falta da qual não teria sentido. Por isso é como é; fosse ele de outro modo, a vida não se materializaria. Prótons e nêutrons, feitos de três quarks, um de cada cor — dois up e um down para o próton e dois down e um up para o nêutron —, não se constituiriam com dois up e dois down; isso ocorrendo, quase certamente as partículas resultantes não atrairiam elétrons para formar o átomo. Ainda assim haveria um Universo para a sétima eternidade, mas em alguma outra dimensão; o nosso poderia ser qualquer coisa menos este onde a vida revelou-se como a conhecemos e no qual, na fusão do hidrogênio com o hélio, que incendeia as estrelas, se participasse a massa do hélio, energia, com um centésimo a menor ou a maior, haveria apenas hidrogênio; ou, então, os dois gases se mesclariam com tamanha rapidez que não sobraria um sequer dos seus átomos para ir ao encontro da materialização da vida. Esses são dois exemplos da precisa especificação do nosso mundo para as coisas ocorrerem como ocorreram. Tudo é muito lógico. Mal podemos imaginar o que existe Universo afora.

Ponderados os fatos como assentados pela Física, não teremos seja ela um ramo do conhecimento humano tangente (…), mas parece não sobejarem dúvidas quanto a se tratar da ciência melhor apetrechada para entender (…), ficando por aí as afinidades (…). Substituir, ainda assim, a ciência (…), nega as regras fundamentais do pensamento racional, alheias à elaboração (…). Tudo o que não advém dos fenômenos (físicos) deve ser considerado hipótese (,,,). Deles se extrai pelo método da experimentação o que é exequível, depois desenvolvido por dedução (Philosophiæ Naturalis/Principia Mathematica, Comentários Interpretativos, Isaac Newton). (…).

(…)

Os aspectos mais intrigantes do Universo são expressos por teorias; os fenômenos observáveis são descritos pela tradução para a linguagem científica dos seus motivos e efeitos, nem sempre cabalmente conhecidos, reforçando a percepção de um Universo centrado em métodos conceptuais (…).  (…). De outro modo, a atribuição de tudo o que existe ao mero acaso induz falta de imaginação e faz supor profundo ressentimento, impotência mal disfarçada sob um diáfano véu de duvidoso pragmatismo. Existe lugar, entre a religião e o cientismo, para o livre-pensador.

Há com relação ao Universo algo que nos foge à compreensão, mas nem por isso deixa de ser fortemente impressivo se o contemplamos com um mínimo de sensibilidade, impossível não intuir uma prodigiosa ação, uma força inteligente atuando todo o tempo em favor da vida preexistente no caos, depois manifestada com amparo em eficiente conjunto de regras que o estruturou e adequou, ensejando tudo o que nele existe.

(…). Adequar-se à Sua frequência estimula a atividade psíquica, apura a percepção, impele as aspirações de perfeição e maximiza a energia das mais profundas regiões interiores, onde está o que é verdadeiramente intrínseco ao ser humano, a natureza (…), presente a despeito de insuspeitada. Ao conectar-se com ela deflagra-se no homem o processo de dominação anímica; o instinto entra em fase de dissolução e o espírito, a consciência em seu mais alto nível, imponderável sujeito da representação e identidade superior do objeto representado manifesta-se. É a graça, sem arrebatamentos, serena renovação a partir do fundamento de tudo o que é, a energia inteligente com a qual emerge a fé da cognição, realização (…).

(…), irradiado no universalismo da substância do permanente, essência de eternidades e única forma possível de infinito.

(…) extraído do conhecimento orientado pelos dotes do espírito, arcabouço da esperança, é o elemento psíquico que lastreia a fé racional, lógica, íntima e consciente, antecâmara da realidade possível, para a qual devem fluir todos os anseios.

 40 — DA ESPERANÇA: “Se o homem abandonou toda a esperança, ele cruzou os umbrais do inferno — quer saiba ou não — e deixou atrás de si toda a sua humanidade.” (Erich Fromm, a Revolução da Esperança, tradução de Edmond Jorge, Zahar Editores, p. 75). Dante escreveu no portal do ‘seu’ Inferno: “Quem cruzar esta porta deixe fora toda a esperança.”  A locução de Fromm é quase certamente uma derivação de Dante.

O ser humano não é miserável e indigno, salvo por escolha pessoal; ele não o é se não o quer, porque esses não são estados nos quais terá sido concebido por (…), uma idéia para repouso de cansaços, angústias e aflições pairando sobre as fraquezas humanas (…).

(…)

(…) em Baal, título divino que na antiga cultura semita consubstanciava o conceito de realeza e domínio, incluindo incontáveis divindades. Baal, no seu plural hebraico, Baalim, tem a conotação de Ídolos, ou Senhores, derivada da formulação coletiva de divindades locais judias, fenícias e outras, como Baal-bek, Jezebel e Etbaal, entre grande quantidade delas. Baal-Berit era o titular da aliança, ou unidade; Baal-Zebu, outra divindade em Baal, aparece (…) como belzebu, o príncipe dos demônios, com suas 6.666 legiões, formada cada uma por 6.666 demônios. O culto a Baal chegou (…).

(…). Somente os servos cometem desobediência; só os tiranos praticam a misericórdia.

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Dominador/dominado é uma referência menor, entre homens, sem paralelo no trato das coisas (…). Nietzsche, debatendo-se na demência que o levaria à clínica de doentes mentais da Basiléia, posteriormente à clínica da Universidade de Jena e mais tarde para Weimar, onde morreria esgotado pela loucura, proclamou (…) útil e prejudicial, amigo e inimigo, conquistador e predador, a ser cultuado no bem e no mal, (…) para insanos aviado a partir de velha proposição segundo a qual um imanente dualismo (…).

(…).

Não há mal no mundo, há mal no homem, questão de substância e estilo, que envolve também (…). Ele pode, se quer. O bem e o mal são formas de energia cuja fonte é o homem; espiritual e/ou mental, prevalece a primeira quando mais fortes as emissões espirituais, positivas, ou a segunda, se são mais fortes as emissões mentais, negativas. Nossos limites impõem designativos para isso; chamamos (…) a energia positiva, (…) a energia negativa, mera questão semântica.

O bem e o mal não existem por si, decorrem dos homens; nada têm  a ver com as doutrinas dualistas, a de Mani, por exemplo.

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(…)

(…) sugere para o homem uma estrutura assentada no trinômio ética-moral-verdade.

Ética é o predicado do homem diretamente relacionado com o seu posicionamento em face do mundo e da vida; qualifica-o sem submetê-lo a juízos de valor e pauta sua conduta independentemente do meio cultural em que viva. O senso comum atribui à ética substância meramente social, tendo em vista, com isso, preservar normas gerais de comportamento, não raro marcadas pela hipocrisia, orientadas para a aparência, caracterizadas pela superficialidade, explicadas pelo alheamento dos valores de fundo ou virtudes essenciais, inegociáveis, o que quer esteja envolvido.

Examinada em termos acadêmicos, ela é frequentemente deduzida de forma extravagante. Filosoficamente, abrange (1) a busca da felicidade, (2) a fruição hedonista do bom e do útil, (3) os deveres do indivíduo face à coletividade e (3) a busca da perfeição pelo aprimoramento das virtudes essenciais. As reflexões das mais notáveis figuras da história da filosofia sobre o tema é um referencial obrigatório; ordená-las cronologicamente, ainda que em apertada síntese, facilita sua compreensão.

Sócrates – nascido em Atenas, viveu de 468 a 399 a.EC. Escultor como o pai, tornou-se soldado, servindo, entre outras, na guerra a Esparta. Deixou o exército quase aos reqüenta anos para perambular por Atenas e contribuir para desenvolver a cultura do seu tempo; debateu com técnica elaborada através da qual, mediante perguntas, desenvolvia o raciocínio e conduzia os interlocutores, o que lhe rendeu um largo círculo de amigos, admiradores e discípulos, além de muitos adversários e inimigos viscerais que o acusaram de pervertido e corruptor dos costumes, especialmente da juventude ateniense. Não deixou qualquer obra escrita; desenvolveu sua dialética através da conversação, indagação ou da ironia fina e cáustica. O que dele se sabe foi noticiado por Platão e em grau menor por Xenofonte, historiador, filósofo e general ateniense nascido ao redor de 427 e falecido cerca de 355 a.EC, ambos seus discípulos. Privilegiando o ser humano em toda a sua complexidade, propôs princípios de conduta que contrariavam a ética relativa do helenismo do seu tempo. Repudiando a retórica sofista, suas eruditas, mas dialeticamente simples dissertações, pródigas de humor sardônico, valeram-lhe, por mero pretexto, as acusações de heresia que o levaram à morte por margem mínima de votos sob a acusação de sofistas. (…) voltaremos a Sócrates, ao seu método e à sua peremptória recusa em negar os princípios que postulava para contornar a inevitabilidade de sua execução pela ingestão de cicuta, ou mesmo fugir, protegido por quantos o admiravam, porque a lei, para ele sagrada, tinha de ser cumprida por corolário da missão em que convertera sua vida.

Platão – Atenas, 429/347 a.EC, a quem Aristóteles, seu discípulo, considerava meio doidinho, (…)

Aristóteles – Estagira, Macedônia, 384 a.EC/(…), 322 a.EC, foi o responsável pela educação de Alexandre, o Grande, e fundador da escola (…)).

Escola Cínica – criada por Antístenes de Atenas (444356 a.EC) e Diógenes de Sínope (413323 a.EC). Uma das escolas filosóficas nascidas do magistério de Sócrates(…).

Euclidianos – de Euclides, filósofo grego que viveu entre os anos 450 e 380 a.EC, também chamados megarianos, de Mégara, Grécia, junto ao canal de Corinto, foram influenciados pela filosofia de Sócrates e pelo eleatismo, filosofia da escola de Eléia, fundada por Xenófanes de Cólofon no sexto século antes da Era Comum, da qual faziam parte Parmênides e Zenon, pioneiro do raciocínio filosófico por absurdo, ou raciocínio dos paradoxos, instrumento lógico formal de dupla implicação pelo qual duas conclusões são possíveis para a mesma premissa. (…).

Thomas Hobbes – Malmesbury, Inglaterra, viveu de 1588 a 1679. Leviatã, extravagância literária publicada em 1651, revelou-o moralmente utilitarista, politicamente despótico e filosoficamente materialista; para  (…).

John Locke – nascido em 1632 e morto em 1704, foi um defensor da liberdade individual, embora sofrendo imprecisa influência de Hobbes; rejeitou a sordidez inata e a animalidade do homem, sustentando a primazia do conhecimento sobre a experiência e defendendo uma ética da reflexão.

Spinoza – Baruch Spinoza, holandês de Amsterdam, de onde foi banido pela intolerância (…), nascido em 1632 e falecido em 1677, eram racionalmente religiosos. Em Ética, concebido segundo o método cartesiano, apresentou sua metodologia, essencialmente panteísta, compreendida num sistema impregnado da visão de Deus como alma do mundo e este como o Seu corpo, seja, Ele estava em todas as coisas, uma realidade distinta que O representava pela soma do todo existente, forma de expressão ao mesmo tempo humana e metafísica. Nos últimos anos de sua vida publicou ‘O Ordenamento Ético Geometricamente Demonstrado’ — de Ethica Ordine. Escrevia em latim, (…).

Immanuel Kant – nascido em Kœnisberg, Alemanha, e deixando entrever certa influência de Spinoza, postulou haver um mundo revelado ao homem por meio de fenômenos no espaço e no tempo, (…).

(…).

Georg Wilhelm Friedrich Hegel – alemão de Stuttgart, nascido em 1770 e morto em 1831. Incluindo o ser e as idéias num princípio único e postulando que as idéias têm três momentos fundamentais, tese, antítese e síntese, abonou o imperativo categórico de Kant, mas rejeitou o acaso, (…).

Sœren Kierkegaard – nasceu em Copenhagen em 1813 e morreu em 1855. Sua filosofia, de acentuado cunho teológico, assentou-se no que Aristóteles tinha de menos preconceituoso; tangenciou Platão (…).

Friedrich Nietzsche – nascido em Rœcken, Alemanha, em 1844, morreu em 1899. Concebeu a ética da energia vital (…).

Martin Heidegger — objetando a proclamação (…).

Pitágoras – filósofo e matemático grego do século 6 a.EC, nascido em Samos, uma das ilhas gregas das Aspórades, originou uma espécie de seita, os pitagóricos. (…); filósofo do orfismo, para ele o intelecto tem de prevalecer à natureza primitiva do homem, orientando-se esse predomínio para a perfeição por meio de rigorosa disciplina moral.

O orfismo foi o veículador dos mistérios de Dionisos, uma das mais belas lendas rituais gregas e paradigma moral enquanto não conspurcado pelos desvios que provocaram sua crescente rejeição e finalmente o seu desaparecimento. O termo deriva do eleito nascido de uma sacerdotisa de Apolo (…)

Epicuro – nascido em Samos, viveu de 341 a 270 a.EC. Discípulo de Xenócrates, em Atenas, inspirou Lucrécio, nascido em Roma, em 98, e morto em 53 a.EC, autor de De Natura Rerum – Da Natureza das Coisas – belo e vivificante poema inspirado na doutrina epicurista. Reinterpretando Demócrito, filósofo grego do século 5 a.EC (…).

Por deplorável equívoco, o termo epicurismo em nossa cultura tem sido usado para designar os prazeres da mesa e da luxúria.

E, afinal, a ética formal cristã, tomada ao judaísmo; sustentada por em três regras básicas às quais nada precisa ser acrescentado — (1) Faças aos outros o que queres que te façam, Mateus 7:12; (2) dá a cada um o que é seu, Mateus 22:21 e (3) ama o próximo como a ti mesmo, Lucas 10:27 — são referências preciosas, quando e se observadas.

Chegado o século XX, os conceitos éticos começaram a ser  profundamente revistos, tendendo, a partir do início de sua segunda metade, a uma objetividade maior; o homem, o indivíduo, passou a ser percebido como ente social com obrigações relativamente ao meio em que vive, mas com direitos pessoais inalienáveis, senhor de si, da própria vida, em detrimento (…). Surgiram doutrinas e escolas diversas de designações estranhas, algumas demasiado excêntricas para merecerem comentários, outras tão elusivas e destituídas de sentido prático que desencorajam avaliação mais demorada, meros exercícios intelectuais, entretenimento para senhores desocupados descomprometidos com a utilidade e aplicabilidade dos seus postulados, algo que se constitua uma referência válida e existencialmente enriquecedora, especialmente para os jovens.

A MORAL — tratada, no mundo antigo, como mensagem celestial ou mensagem de deuses, sob formas diversas misturados aos homens, ela colocou o indivíduo no centro de toda a discussão. Na China predominou a atitude filosófica gerada no domínio da sensibilidade, da contemplação e enfocada no universo, assim considerado o todo existente, com inclusão do homem, e tudo aquilo de existência possível; na Grécia, se bem a regra de respeito aos deuses, eles, na prática, não eram levados muito a sério, de  ter-se em conta que a teofania reservava lugar para o deus desconhecido e contingente, algo, porém, que não era objeto de maiores considerações ou preocupações. A moral grega compreendia a cultura física e intelectual, o refinamento em seu mais amplo sentido e a tolerância, com certo tempero hedonista para justificar a vida, finita no corpo físico, mas revivificada no Jardim dos Prazeres Eternos, sem ficar, contudo, muito claro o modo pelo qual isso se processava.

Na China foi cultivada uma tradição moral filosófica e metafísica circunscrita ao oriente; as práticas filosóficas gregas constituíram-se as bases da cultura e civilização ocidentais, ensejando a formulação de leis morais da mais elevada expressão dissociadas da moral cristã, engessada em sua aversão ao sexo e rabugenta na religião. Exclui-se Roma, centrada em suas leis pela necessidade de manter um sistema de coerção dos povos dominados, e na ordenação jurídica, para instrumentá-las, legitimando o assassinato judicial, a arrogância e a brutalidade oficial; deixou o seu gens nas artes, que desenvolveu e patrocinou como nenhuma outra potência histórica. Politeísta e extremamente supersticiosa, os deuses eram questão individual; não possuía uma religião no sentido modernamente atribuído ao termo, implicado numa visão metafísica estruturada, o mesmo em certa medida ocorrendo com a Grécia. Ambos os povos não sofreram, por isso, nos séculos de glória, influências da moral religiosa.

Os Sofistas, mestres itinerantes que transmitiam cultura geral em troca de pagamento, foram os primeiros a ordenar o ensino e a cobrar por ele. Não acreditando em moral absoluta, para eles, todas as questões eram condicionadas pela retórica e sua validade dependia da lógica e utilidade social; subordinavam a moral a critérios individuais. Segundo Platão, para Sócrates a virtude ou a moral valem pelo sentido objetivo que lhes dão os homens, decorrendo do desconhecimento todas as más qualidades, daí se deduzindo que para Sócrates virtude e moral seriam questão meramente formal. Ele tinha realmente um especial carinho pelos homens! Inimigos ferrenhos do filósofo, os sofistas não concordavam com essa sua visão.

Para Nietzsche, a moral deve transcorrer de conceitos individuais convertidos em regras pessoais estabelecidas conforme a propensão de cada um, sem levar em conta os princípios morais universais, modalidade de sofismo, portanto. (…).

A moral religiosa, nem sempre escatológica – de escatologia, teoria doutrinária que aborda a consumação do tempo, da história e as finalidades do homem e da vida num contexto universal -, (…)

A VERDADE — consistida para Platão num processo abrangente do que era conhecido no seu tempo e do modo pelo qual o conhecimento era adquirido, ele diferençava as crenças falsas das verdadeiras ao afirmar que a verdade é uma tradução dos fatos. (…).

Desde o século 4 a.EC, nem formulada ainda a pergunta do romano, o grego definiu a verdade: se encerra um fato — e o fato é efetivamente o que ocorreu ou ocorre — a afirmação contém uma verdade; se não, deve ser ignorada. O que mais se diga com relação à verdade é pura enganação.  Não faz sentido abordar como verdade idéias ou crenças não provadas ou de duvidosa comprovação porque tudo o que lhes concerne não faz parte do mundo aparente, tátil e substantivo; somente depois de converter-se a idéia em fato ou da crença tornar-se realidade, revelando o conhecimento intuitivo de um fato, é que ambos podem ser avaliados. Idéias são idéias, crenças são crenças e fatos são fatos. O conceito de verdade deve advertir o princípio da realidade a fim de aproveitar ao ordenamento individual, de grupos ou sociedades. Sua busca, de outro modo, não versa a verdade em si, que assim será entendida quando encontrada e, como tal, caracterizada. Mudam as verdades se mudam os fatos, hipótese em que ela não perde o seu caráter absoluto; ao contrário, por ser absoluta muda quando os fatos se modificam, concordemos ou não com isso.

A teoria da coerência aplicada à verdade deve conferir-lhe inteireza e irrefutabilidade; ela mudará mesmo quando decorra de fatos-parte de um conjunto passível de revelar-se falso quando detalhes comprometam sua abrangência. Tomando o clássico exemplo de Platão, Tætetus voa, e sendo necessárias premissas verdadeiras para chegarmos à uma conclusão verdadeira, cumpre indagar: Tætetus tem asas? São elas tão desenvolvidas que lhe permitem voar? Ele já voou antes? Se a resposta a qualquer dessas indagações for negativa, a afirmação Tætetus voa é falsa, não contém uma verdade; se positivas todas as respostas, ela é verdadeira. A abrangência e a coerência estarão presentes no alcance do nexo causal e na harmonia e lógica entre os fatos. Mas pode ter ocorrido que, a despeito de Tætetus ter asas, desenvolvidas ao ponto de lhe permitirem voar, e de já haver voado antes, sua reação psicológica ao vôo foi tão determinantemente negativa que ele não consegue mais voar, isto é, um fato superveniente modificou a seqüência e o conjunto anterior de fatos, suprimindo-lhe a abrangência e rompendo-lhe a coerência. Então, a verdade absoluta anterior porventura contida na afirmação Tætetus voa deve ser substituída pela nova verdade  absoluta, Teætetus não voa.

Eliminando qualquer possibilidade de atribuir-se caráter relativo à verdade, sua busca deverá ser empreendida sempre que houver interesse em determiná-la. Tomemos outro exemplo(…).

Sumarizando, podemos ser levados, em visão apressada, a concluir confundirem-se os princípios éticos e morais, (…), atribuindo-lhes sentido amplo, levam-nos a despencar na vala comum do relativo, descaracterizando-os na generalidade, imprecisa e vaga, na qual tudo é aceito, muito atraente para os profetas do caos.

Delineado o quadro geral do trinômio ética-moral-verdade, com a amplitude permitida neste trabalho, nada será dito, afinal, se os temas não forem tratados do ponto de vista da pessoa comum para deles ajuizarmos em termos objetivos, aplicáveis ao cotidiano. O mestre espanhol dizia que nossas doutrinas éticas e filosóficas, em geral, não costumam ser senão a justificativa a posteriori de condutas e atos, nosso e do nosso semelhante, por não sabermos, a rigor, porque agimos como agimos e não de maneira diferente, forjando-a pela necessidade de legitimar nossa razão de agir – Miguel de Unamuno, obra citada, p. 250. É pacífica, não obstante, e o próprio Unamuno abona em termos de raciocínio minha asserção de que o homem consciente não age ordinariamente por impulso, por instinto, antes extrai de suas reflexões normas de conduta eximidas de justificação porque suas atitudes são acordes a integridade e dignidade do seu caráter, forjado em ética, moral e verdade, seus orientadores existenciais, legitimação natural para as suas ações, em função dos quais se desobriga de dar as razões de ser como é e o dispensam da aprovação do meio em que vive.

Com Platão, inúmeros filósofos postularam serem as mesmas para todos as mais altas expressões éticas; não parece ser assim. As sociedades têm valores fundamentais rigorosamente diversos; (…).

Não há preceitos éticos coletivos, mas sim mero senso comum, não obstante a existência de princípios éticos absolutos conexos à integridade e à dignidade do ser humano em qualquer latitude ou longitude, tal como a imparcialidade, a autoridade pessoal, o sentimento de brio e o completo respeito aos princípios de retidão comportamental que definem o homem como ser superior quanto às suas manifestações e expressam sua grandeza de sentimentos, honestidade intelectual e simplicidade de visão de mundo quanto aos seus estados interiores sem implicar alienação ou ingenuidade; ser ético, afinal, não é ser tolo.

A moral de seu turno exprime-se em sentido estrito a partir de uma filosofia própria, íntima, pessoal, de honra e decoro genuínos, por sentido estrito compreendendo-se, de maneira objetiva, a síntese das aspirações de respeitabilidade do homem quanto aos costumes. Em acepção ampla e de modo especial quando se analisam as tradições morais de determinadas sociedades, constata-se, diferentemente da existência de princípios éticos absolutos, ser a moral uma questão de época, latitude e longitude. Dentre certos povos aborígines cabe ao pai, nas núpcias, desvirginar a filha para, cumprindo um ritual arquetípico, dar ao noivo garantia da normalidade da filha e de suas plenas condições para gerar filhos, solenidade imposta pela necessidade de incrementar a quantidade de exemplares para preservar a raça e assegurar mãos para o trabalho. Conforme Mircea Eliade – Mito do Eterno Retorno, Mercuryo, São Paulo, l992, Tradução de José Antonio Ceschin, p. 99 -, no oriente antigo as virgens passavam uma noite no templo para conceberem o filho de um deus através do seu representante, o sacerdote, ou do seu emissário desconhecido, que, se pode supor, não devia ser tão desconhecido assim, ou, ainda referido por Eliade na p. 32 da obra citada, e na forma do Livro IV do Li Chi, o Yüeh Ling, Livro dos Regulamentos Mensais, as esposas deviam apresentar-se ao imperador no primeiro mês da primavera, o tempo do trovão, para com ele coabitar, em cumprimento, também, de uma formalidade arquetípica.

Os arquétipos fazem parte do cotidiano do homem ocidental; sem a menor idéia de que o faz, sem que isso lhe passe pela cabeça, ele perpetua rituais arquetípicos habitualmente de cunho sagrado, como a cerimônia de regeneração do tempo consubstanciada nos festejos de passagem de ano.  Acresça-se o triunfo sobre a morte e a devolução em sacrifício do filho (…) gerado por um emissário, o Anjo, com o estabelecimento de novo tempo a partir daí, como na representação ritual (…).

A verdade, deliberadamente examinada no fecho destas reflexões em virtude do significado absoluto que traduz, não é crença ou idéia, mas algo imanente ao ocorrente não sujeito a especulações de qualquer índole. Como eu disse nos Apontamentos, lastreada nos fatos, valor ético aposto a todos os demais, como tal e com caráter próprio se contém tão somente em si mesma. Em termos rigorosamente objetivos e com os mais intensos reflexos, a verdade deve ser em intransigente e última análise a finalidade de toda a atividade intelectiva; não o sendo, não haverá modo intelectivo, mas tão somente pantomimas, tudo não passará de uma grande farsa.

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EXTRATOS (continuação)

09 quinta-feira jun 2011

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Universos são paridos por fendas rasgadas no ventre do caos; naqueles se fazem e extinguem mundos, nestes, ciclicamente, a vida comparte-se em existências e volta ao estado original, para ressurgir em novos mundos de novos universos nos sucessivos ciclos eternais.

(…). Superaqueceu-se. Então fulgurou, inaugurando o primeiro kalpa, a primeira eternidade. Esgotadas as suas reservas de combustível, entretanto, não mais produzindo calor, começou a esfriar, desestruturou-se, colapsou, encolhendo, contraindo-se até aniquilar-se. Em seu lugar, um superenergizado campo gravitacional giratório, de excepcional massa e força atrativa, se foi arqueando no passo da aceleração de sua rotação; encurvado, o espaço formou, literalmente, um buraco. Vencida pela gravidade absoluta a radiação tentaria libertar-se sem o conseguir, restando das tentativas cintilações que contornariam as bordas do campo, fixando os limites de uma região de força assombrosa, domínio abissal de energias altamente concentradas por trás do horizonte descrito pelos agonizantes restos de luz debatendo-se em vão na ânsia de escapar do seu confinamento; esse buraco se constituiria o útero no qual, até a sexta eternidade, universos seriam gerados.

A partir do kalpa emerso resplandecente das trevas, eternidades se sucederiam em trilhões e bilhões de anos, pudesse sua duração ser medida por nossa equivocada noção de tempo; viriam os dias e noites ancestrais.

DIAS E NOITES DE BRAMA: Os dias, ‘kalpas’, e noites, ‘pralayas’, de Brama têm, segundo a tradição, a duração de trezentos e onze trilhões e quarenta bilhões de anos. Cada dia, cada noite, equivaleria a uma eternidade. 

O bramanismo é um sistema religioso de castas e caráter político cuja liturgia se projeta do Veda, livro sagrado que compreende os hinos, formas sacrificais e regras gerais nas quais se assenta a tradição filosófica e religiosa da Índia; o vedismo, forma primitiva da religião dos hindus transformado lentamente para chegar ao hinduísmo, é a prática religioso/filosófica adotada pela maioria dos povos da Índia. Expressão do ‘darsana’, abrange as escolas filosóficas, ortodoxas quando se submetem ao Veda, ou heterodoxas, se representam em substância um conjunto de doutrinas voltado para o fim último da vida e seus desdobramentos. As ortodoxas são ‘niaia’, ‘vaisesica’, ‘sanquia’,  ‘yoga’, elemento temporal do ‘sanquia’, e ‘vedanta’, além da ‘mimansa’; entre as heterodoxas a mais conhecida é o budismo, destacando-se, ainda, entre elas o jainismo.

(…)

7 — COSMO-ENERGIAS DEPURADAS: Depuradas, as energias inteligentes alçar-se-iam ao Pralaya Atyankita, o Pralaya individual, dimensão espiritual compreendida no Paraíso cósmico, ou Nirvana, após o qual nenhuma existência seria possível, pois a perfeição é, por definição, imaterial.

Nirvana é um termo tomado ao sânscrito; significa o ‘apagar da chama’ ou a ‘cessação da vida’. Seu alcançamento induz a anulação das manifestações físicas, a superação dos instintos, a conquista da paz absoluta e a completa ausência de sofrimento na plenitude do ser, a realização da sabedoria, em última análise. Estado pessoal de elevação que o budismo mahayana identifica naquilo que de melhor, mais íntimo e profundo pode um humano alcançar, representa a perfeição elevada ao Cosmo quando a energia nesse patamar se desprende de sua forma física.  

O Nirvana tem seus mensageiros, muitos deles venerados na cultura mítica e religiosa do oriente, Mahavira, entre outros, nascido Vardhamana, contemporâneo do Buda, um reformador, para alguns o fundador do jainismo, nobre tradição histórico/ religiosa; ele exprimiu a realidade em jiva, a vida feita consciência, elevada da existência material, e ojiva, estado de não vida ocorrente se a existência se compreende apenas no material,  e via na conquista do Nirvana a quebra do ciclo do renascimento, eliminando a dependência cármica. Ksitigharb, um venerável boddhisattva, ser iluminado do budismo, chamado Jizo no Japão e Tsi-Tang na China, é reverenciado também no Tibete e na Índia, onde, patrono dos mortos no juízo final, ajuda-os a alcançar o Nirvana. E Maitreya, dos raros boddhisattva reverenciados tanto no theravada, ramo conservador do budismo, sucessor, como postula sua doutrina, em linha direta do ‘Sangha’, a comunidade monástica que primeiro aderiu aos ensinamentos do Buda, como no mahayana, ramo inovador originário da Índia que cultiva a face mitológica do Buda, filosoficamente expressa.  Budismo e jainismo são os principais ‘darsana’ (Rever a Nota 5).

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As energias estacionárias, rebotalhos evolutivos, retornariam ao caos da noite final.

 8 — A NOITE FINAL: O tempo do Cosmo associa-se à idade de Brama, cujo fim é atingido no Pralaya Prakritika, quando tudo o que existe é refundido e reconvertido ao estado primordial. Novos kalpas e pralayas se sucedem em novos universos nos quais a vida se revela em formas diversas a partir de energias não depuradas no grau mais elevado.

Pragas do gênero intelectivo cevadas na vulgaridade e no instinto, incapazes de evoluir, escravas das suas fatalidades, seriam tragadas para, a partir do seu ambiente natural, a desordem, materializarem-se em tantas existências quantas necessárias até se depurarem, se o quisessem.

E assim seria em muitas moradas do Universo onde a vida se manifestaria, embora de modo diferente, pela consequência lógica de sua preexistência, muitas formas inteligentes, não forçosamente físicas, mundos, seres e dimensões inimagináveis por inteligências físicas confinadas em seus invólucros, por isso de alcance limitado e difícil conexão com as inteligências imateriais universais. Se estacionárias, se não aperfeiçoadas nos caminhos do tempo, lá, em quaisquer lonjuras, continuariam, como aqui, mensageiras do caos, especialização da mediocridade, sua sina, seu infortúnio, sua desgraça.


 LIVRO II

DEUS, O UNIVERSO E A VIDA

O Universo, mais do que energia, materializada ou não, é a expressão de uma idéia superior que tem começo, meio e fim como qualquer outra. Segundo Platão, uma idéia é modelo de coisas sensíveis, objeto de contemplação pelo pensamento. O Autor

 Terá sido há cerca de 15 bilhões de anos.                       

Chegou com o amanhecer do dia cósmico da sétima eternidade o último kalpa antes do Pralaya Maior9.

9 — PRALAYA MAIOR OU MAHAPRALAYA: É o último Pralaya, em cujo limiar, cumprido o seu tempo, o Cosmo se desfaz em fluxo levando consigo as energias depuradas para depositá-las na Fonte que o gerou e é para todo o sempre, jamais repousa e vela pela Sua obra em todos os universos; força preexistente auto-aperfeiçoada, onisciente e onipresente, tudo é feito a partir dela. A ela se juntam as energias de Sua semelhança para com Ela permanecer, fortalecendo-a; só o Cosmo, criatura dileta, retornará sempre. Repousa por átimos de eternidade e quando se aproxima o fim do seu tempo todo o existente se arruína; quando o seu tempo se esgota tudo desaparece. Ele é o começo, o fim e o recomeço.

 (…)

No primeiro segundo de vida o Universo se expandiria num tranco, constituindo-se principalmente de radiação. Quarks formariam hádrons, figurados nos mésons, ou píons, káons, F-mésons, D-mésons e B-mésons; viriam também os bárions — prótons, nêutrons —, entre eles os instáveis, ou híperons, designação genérica das partículas elementares cuja massa se conteria entre a massa do nêutron e do dêuteron, núcleo do deutério feito de um próton e um nêutron. Sob condições ideais todas reagiriam com a força forte, extinguindo-se para ressuscitarem como novas partículas.

 18 — FORÇA FORTE: Uma força de curto alcance, mas muito intensa, que atua entre núcleons, as partículas que constituem o núcleo atômico, cuja estabilidade assegura; ela também orienta o comportamento dos hádrons quando colidem com partículas de alta energia, da mesma forma que mantém os quarks juntos no próton e no nêutron e estes também juntos no núcleo do átomo.

(…)

Monitorado a partir de suas intersecções, o tempo se tornaria uma vertente bidirecional do espaço.

 29 — INTERSEÇÃO TEMPORAL, FATOR CAUSAL E LIVRE-ARBÍTRIO: Cada fator causal é uma interseção temporal que geralmente oferece alternativas, caminhos ou derivações como opção de livre-arbítrio, conceito filosófico um tanto obscuro que atribui ao homem a possibilidade de exercer esse poder pelo simples fato de estar aqui, de existir, podendo até ser indiferente a ele, o que parece altamente discutível; utilizado como freio social, ele nega ao homem uma justificativa metafísica dos seus atos, responsabilizando-o pelo que faz ou deixa de fazer. O princípio mais bem se conteria num real contexto filosófico se abrangesse pura e tão somente os atos de consciência, ou seja, o produto da atividade intelectiva informador dos atos advindos da faculdade de pensar e agir que caracteriza, ou deveria caracterizar, a espécie humana, contraposição à imobilidade ou às ações meramente reflexas, instintivas, mecânicas ou repetitivas que animam a dinâmica existencial.

(…)

Nascido de pais persas em Mardin, sul da Babilônia, localizada na região onde está o atual Iraque, Mani viveu de 215 a 276. Criador e teórico do maniqueísmo, movimento cuja denominação derivou-se do seu nome, um zoroastrismo renovado influenciado pelo Budismo, com o qual travou contato em sua viagem de profeta à Índia, foi ferozmente combatido pelos sectários de Zoroastro, ou Zaratustra, reformador da ancestral religião da Pérsia, hoje Irã; nascido em Ariana Vejá em ano incerto, de início fixado ao redor de -600, depois pelo ano -1000, é admitido atualmente que pode ter nascido em época bem anterior, até mesmo no segundo milênio antes da Era Comum. Convencendo o rei Baram I de que Mani representava grave risco para a religião nacional, seus desafetos conseguiram mandá-lo para a prisão na qual morreu. Qualquer semelhança com a história oficial de Jesus pode não ser mera coincidência.

Ele não era lá muito modesto; auto proclamado um profeta da linha de Buda e Jesus, anunciava-se somatório dos dois e produto final de uma longa elaboração profética. Segundo a doutrina maniqueísta, o mundo se criara sob inspiração das forças do bem, Deus, o espírito, a luz, e do mal, o diabo, a matéria, as trevas, isomorfas até que um formidável cataclismo as fundiu num só espectro do qual surgiu o homem, cuja alma, aprisionada no corpo, se libertaria quando ingressasse no reino da luz através dele, ou seja, criou um ordenamento metafísico predecessor do pecado original e sujeitou o homem, fazendo-o um pecador de nascença e proclamando-se, senão a luz, o caminho para ela.

Ajuize-se; (…) e culpa metafísica para depois (…) é uma prática astuciosa, antiga e reiterada. Um homem inteligente, (…); maniqueu de carteirinha, (…), divertiu-se à larga desancando seus ex-camaradas. Combater os dissidentes já era, na época, (…), com uma boa ajuda da filosofia aristotélica.

O termo maniqueísmo tornou-se designativo de quaisquer doutrinas ou situações contraditórias, não necessariamente opondo o bem e o mal.

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Crer em um Universo criado e dominado por dois princípios eternos e antagônicos, Deus, o bem absoluto, e diabo, o mal absoluto, é dar curso a um arremedo da lógica, a forma dicotômica de desdobrar um conceito em dois outros, habitualmente opostos e antagônicos, consubstanciais com a natureza de um silogismo às avessas no qual bem e mal são premissas que se concluem no Universo. Acreditar nisso é cuidar que este é filho do bem e do mal, de Deus e do diabo, rematado equívoco na maneira de expressar a complementaridade dos opostos ou da física, expressões distintas de um mesmo fenômeno, formas especiais de energia substancialmente distintas que não se podem combinar para gerar o que quer seja; o maniqueísmo é demasiado simplista. O bem e o mal de Zoroastro e Mani, irredutíveis e perenes, rejeitam o aprimoramento do primeiro e a reversão do segundo, o que não é endossado pela experiência. A proposição trescala leviandade, insanidade ou pura falta do que fazer. Diabo é uma alegoria infantil para o instinto, para a vida vivida sem indagações maiores, ficção que se propõe dar feições ao mal, não existente como elemento constitutivo da natureza. Não há porque pretender uma entidade maligna vagando a Terra em seus primórdios, um ermo, provavelmente uma chatice monumental, à caça de uma entidade benigna, (…), apenas para encher o tempo; o homem, que pode até mesmo ser bom ou grandioso, não obstante quase nunca o seja, não havia ainda chegado a ela.

Bem e mal são graus do comportamento humanos manifestados nos mais altos níveis de consciência tornados possíveis pelo cérebro novo, por um lado, e na animalidade do instinto represada no cérebro antigo, por outro, que contamina o intelecto e o faz sádico, destrutivo, abjeto, atitudes do homem, juízos de atribuição. A plenitude espiritual, expressão humana de Deus e dimensão sagrada do homem Nele realizado, é o bem absoluto; o mal absoluto é a índole primitiva apresada na mente, a alma da espécie, forças biológicas inconscientes obstinadas em si mesmas irrompendo do ser inteligente para devolvê-lo à fera. Não há bem ou mal sem o homem, que não é, no entanto, originalmente pecador. Não poderia sê-lo, mais lhe esteja entranhada tal noção, simplesmente porque o pecado não existe; a natureza humana é ambígua, só isso. Ao cérebro antigo, limite evolutivo dos hominídeos homo, gênero da família primata-simiiforme perdido no tempo, foi superposto um característico dispositivo límbico-homocêntrico capaz de produzir seres melhores; seu desempenho deveria prevalecer ao instinto, circunscrever o cérebro antigo às suas funções típicas. Planejado para controlá-lo, não conseguiu, contudo, fazer dele uma unidade auxiliar, permitindo à sua extraordinária energia confrontá-lo e a ele impor-se com indesejável frequência para engendrar lunáticos tirânicos, sanguinários, e alentada malta de degenerados que no chafurdar de sua baba peçonhenta mente, rasteja, dissimula, detrata, rouba, tiraniza e mata, vezes até exclusivamente para sentir cheiro de sangue, tantas as deformidades da espécie.

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APONTAMENTOS

05 domingo jun 2011

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 Primeira feiticeira: Quando nos encontraremos outra vez? Sob o trovão, sob o raio ou na chuva?                                                                      

Segunda feiticeira: Quando se fizer o caos e a batalha estiver perdida e vencida. Terceira feiticeira: Isso acontecerá antes do pôr do Sol.                                      

(William Shakespeare, The Tragedy of Macbeth, Ato I, Cena I, Tradução do autor)

Surgido ao acaso de despretensiosas anotações pessoais para dizer um pouco do que penso e para contar histórias, este não é um livro para radicais prisioneiros de suas intolerâncias ou bons-moços encastelados em seus convencionalismos e tediosos em suas ostentações de virtude. Escrito para as pessoas intelectualmente ativas ocupadas em ganhar a vida, sem tempo para garimpar informações que lhes sustentem expectativas descomprometidas de verdades que outros estabeleceram por elas e para elas, ele se empenha numa perspectiva do noûs sobreposta ao lugar comum, apartada do ceticismo, da fé cega ou da descrença absoluta. Sentir-me-ei compensado se da sua leitura emergir uma verdade, solitária seja ela, daquelas necessárias e de contrário impossível, filosoficamente definidas como verdades de razão, que amplie os confins da identidade de um único leitor, redefinindo-o ao revigorar-lhe o espírito, bocado de Deus depositado em seu estrato mais íntimo, um tesouro para os que lavram na seara da consciência, capazes de arrostar a si mesmos, enfrentarem-se na crueza de sua natureza galvanizada e reverem-se à luz de novos conceitos.

Não me anima em suas páginas fazer ecoar a minha verdade, pois não existe a minha, a tua, a verdade daquele outro; visões pessoais, vieses sociais, culturais, religiosos ou de qualquer outra índole não são verdades. Alter ego do fato, valor absoluto contido apenas em si mesmo, a verdade é um bem de valor inestimável a ser protegido daquela classe de alienados, tema de fundo deste trabalho, decididamente aplicada em fazê-la relativa e casuística, como fazem com a moral e com a ética. Privados de aptidão para evoluir, para se aperfeiçoarem, incapazes de se darem real expressão humana, toscos exemplares da nação sapiens sapiens atolados no lamaçal dos instintos, festejam sua pobreza espiritual na exaltação da vulgaridade, na ritualização do banal, no proveito a qualquer custo, no leviano usufruto do material e na celebração da mediocridade. Parafraseando Peter Ward,                                                      

são bólidos que atingiram a Terra e podem destruí-la (bibliografia 31/97).   

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 O colóquio das feiticeiras é usado por simbolismo, como Gog e Magog, Armagedon, os Sete Flagelos, o Átrio do Fim dos Tempos e o Juízo de Deus; voltaremos a encontrá-las no epílogo. Simbolizam aqui o vértice do poder, uma tríade, na alta antiguidade o pressuposto da divindade, que constrói e destrói, dá a vida e a tira. O reencontro sob os elementos é a batalha perdida e vencida,  aquela em que não há vencedores, todos perdem; o momento antes do pôr do Sol é o prelúdio do fim, o pôr do Sol o marco final, linde extremo da derradeira tolice humana praticada por consequência do domínio da causa primeira, única de sua espécie, da qual tudo se originou, da qual advém todo o existente, que existiria ainda nada mais existisse; tudo é a causa primeira, nada existe fora dela, energia. É disso, de suas manifestações que, no contexto, nos estariam falando as três irmãs Weird.

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 Seus capítulos, aos quais se chamam livros por serem conclusivos, podem ser lidos isoladamente sem perderem o sentido; embora operando como pano de fundo para o livro seguinte, não se atrelam, encadeando o caos primordial, o nascimento do Universo, as partículas subatômicas, as estrelas, os planetas e sua formação, a Terra, quadro pintado sobre a tela escura do abismo com as tintas fecundas da incriada e inesgotável energia pré-universal, da qual tudo se originou. Vida pré-existente materializada na progressão, ainda em curso, da longa jornada evolutiva que colocou o mono, herdeiro do mamífero ancestral, sobre duas pernas, ela gerou uma espécie para distinguir-se dos animais de outros gêneros; não obstante, a alma dessa espécie conservou resíduos do primeiro terráqueo, o réptil, e da fera dele evoluída. Essa combinação impudica de astúcia e brutalidade cevou a conspiração principiada no amanhecer da humanização da vida e a alimenta no decorrer do tempo com intolerância, descuido moral e ético, barbárie e cupidez, antecipando o instinto à consciência, sobrelevando o vulgar à excelência, dolorosa rotina de idade e sanha parelhos à idade do homem, tragédia do indivíduo não humanizado que dela não se dá conta.

Deus, o homem, física, biologia, religião, história e romance varam o texto em reflexões sobre a vida, seu fim, sua beleza e rigor, pungente, às vezes; notas aditam-no, em destaque, para melhor compreensão de alguns temas, dispensáveis, assim entenda o leitor avesso a detalhes. A física tem tratamento diferenciado; as partículas subatômicas e suas construções são examinadas com um pouco mais de largueza por constituírem, juntamente com a biologia, examinada à luz da célula, antecedentes necessários deste trabalho, voltado para os aspectos científicos, técnicos e lógicos mínimos dos quais decorre o nosso mundo.

O desenvolvimento dos estudos da Física e da Biologia constituiu o sopro de conhecimento que levantou o véu sob o qual oculta a divindade, a primeira interpretando as leis reguladoras do fascinante Universo onde vivemos, abrindo-nos perspectivas do passado mais remoto e permitindo compreendamos com boa margem de acerto a sucessão de estados que nos trouxe a ele, a segunda desmontando o frágil e intrincado mecanismo da vida física. Com isso a ciência decretou o fim de supostos mistérios, na verdade preceitos carentes de bases lógicas formulados sobre os parcos conhecimentos das raras fontes dos tempos da ignorância quase absoluta submetida pela vaga noção do sagrado e fascinada pelo encanto da lenda.

À ciência sobrevive, porém, de inúmeras formas e matizes, o misticismo, cujas expressões nada mais são do que alegorias do fantástico produzidas na perda de contato com a realidade, regra nos distúrbios esquizotípicos.

(…)

O livro está impregnado da idéia de Deus manifestada na energia, estado absoluto de força e potência conceptual ao atributo da inteligência em grau infinito, o Ser ideal constituído em Si e por Si, nexo de ordem de realidades complexas, fundamento primeiro e estado último, concepção a partir da qual são repensadas a origem do Universo, a formulação de suas rotinas e o produto da sua implementação sem o desaviso de pressupô-los mero produto do acaso, privilegiando-se a fenomenologia que nos remete à essência das coisas e à intuição dos fatos em sua origem, afastando-se o (…), desafeto do racional, mas tomando em consideração a complementaridade, aspecto alterado de um mesmo fenômeno, proposta  de reflexão no sentido de uma prodigiosa inteligência por trás das forças que tiraram do nada um Ser complexo explicado pelas leis da mecânica, a economia do macrocosmo expressa concreta ou abstratamente a partir de uma idéia grandiosa, com começo, meio e fim, como qualquer outra, nela abrangidos o corpo mais sólido e as mais puras projeções do pensamento, a Unidade expressa ao se tocarem elementar e complementar.

Só se inferem universos e existências, expressões distintas do ente energia, se, multiforme, o tomarmos por causa e efeito de si próprio, em contínuo processo de mutação, uma variedade de estados que produzem fenômenos distintos, peculiares, mas sustentando completa conservação de si mesmo, forças que, estando na gênese da idéia cósmica, tangenciam o ser humano e podem, em substância, proporcionar-lhe desbordar de sua expressão física e projetar sua energia, combinando-a com as energias do Cosmo, a seara de Deus.

(…), o homem desonera-se de caminhar nas trevas. É fundamental penetrar os esconsos mentais, descerrar os espaços interiores, respirar a brisa fresca (…), arejar as consciências, redirecionar-se para as coisas essenciais; inadmissível sejam estabelecidas por terceiros, elas se devem assentar pela busca de cada ser humano nas jornadas existenciais da vida, ensejos para o espírito, viagens atemporais por luzes e sombras, píncaros e profundezas, permanente revisão de velhos conceitos, desarme do parti pris, que não engrandece ou ascende.

 (…).

Boa parte dos livros I e II utiliza o método figurativo para teorizar   as origens do Universo e seus possíveis elementos formadores, um modo de expressão, idéias formuladas com palavras. Utilizarei o mesmo recurso para ilustrar o tanto que uma revisão de atitudes pode revelar-se saudável. É algo pessoal, permita-me.

(…), equipamento de linguagem SPS para autocoder  evoluindo para Assembler, quando fui viver e trabalhar em São Paulo, Capital, numa época em que a predação humana não havia ainda produzido os resultados  alarmantes de agora; era 1962, e fazia frio de verdade. Habituado ao calor da região do Rio de Janeiro eu tiritava no ambiente, para mim glacial, em que a máquina operava, programada, pouquinho mais, pouquinho menos, como o teria sido a máquina analítica projetada por Charles Babbage ao redor de 1830, por analogia o que se faz até hoje.

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CHARLES BABBAGE: matemático nascido no Devonshire, Inglaterra, em 1792 e morto em 1871. Já tendo projetado um equipamento que, somente construído experimentalmente em 1991, mostrou capacidade de operar com até 31 dígitos, projetou também no início da década de 30 do século XIX um equipamento mais avançado para cálculos complexos, jamais construído.

Eu me comprazo em imaginar aonde teria chegado a fantástica geração de cientistas do final do século XIX e primeiros trinta anos do século XX se tal sistema e seus sucessores, que fatalmente teriam vindo, pudesse ter estado à sua disposição, abreviando em muito o trabalho de cálculos e ampliando enormemente as possibilidades de desenvolverem novas teorias. Onde já estaríamos?

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Um programa-fonte, depois maquinizado, utilizava os símbolos do fluxograma para definir entre duas alternativas o fluxo de processamento dos dados, um algoritmo, conjunto de instruções elaborado para alcançar determinado fim; sua lógica: se ocorrer A, faça B, se der C, faça D.

O computador em seu desenvolvimento gerou novos conceitos de trabalho e logrou padrões de operação realmente funcionais, indo além da utilidade real de primeira hora, o processamento sem maior sofisticação de grande massa de dados; embora um pateta inteligente, como a ele se referia (…), ganhava crescentte agilidade e versatilidade. Aqui a analogia.

O cérebro consciente, a CPU do homem, não se presta a armazenar grande massa de dados de uso eventual ou a largos períodos, nem sempre está com o prompt ativo e não tem um buffer, tipo de memória secundária usado para armazenagem temporária de dados; a memória subconsciente, noutro nível, não é um dispositivo operacional. A máquina foi criada para  suprir a quase nenhuma capacidade de armazenamento e processamento de dados do cérebro humano, um upgrade, fadada, apesar dos fantásticos avanços, a permanecer, como é agora, o pateta inteligente (…); não é provável possa um dia chegar à simbiose com o ser humano, conforme supõem algumas brilhantes inteligências. A teoria defende a implantação no cérebro humano de componentes de silício para estabelecer condições de interação homem/máquina através de circuitos elétricos pelos quais se comunicariam, pretendendo que isso a faria inteligente, capaz de decidir sem o input de dados/instruções. Não muda nada; o mostrengo continuará dependendo do homem para acioná-lo e dificilmente deixará de operar no código binário, seu modo de pensar desde os primórdios da computação automatizada. Não se vislumbra qualquer possibilidade de transformação no raciocínio dos autômatos; se não programadas por inteligências vivas, qualquer seja a forma de vida que as tenham projetado ou possam criar, máquinas nunca decidirão qualquer coisa, jamais pensarão.

As concepções  científicas são formas aplicadas de fé, antevisões demodelos ideados em curso de realização, com as restrições da experiência comum no sentido de sua falibilidade; não exprimem certeza, mas intenso desejo, sujeito o mais das vezes, para sua realização, a muita dedicação e esforço apoiados em pressupostos lógicos. A realidade, em vez de apontar para a máquina realizando-se no homem, mostra-o, na média, pensante do código binário, um robô de funções básicas alternando-se de instrumento a componente operacional do Sistema, ferramenta a ser utilizada segundo o interesse de seus programadores. É assim, mas não tem de ser assim.

O cérebro humano, ainda em desenvolvimento, pode ultrapassar as expectativas de permanecer robô, dispositivo operacional ou converter-se em mecanismo auxiliar da máquina. Utilizado à escassa proporção de um quarto do seu potencial, é um terminal do magnífico mainframe Universo, a CPU que processa coleções de dados e envia informações para toda a sua rede. Com alguma capacidade de processamento e retenção de dados, o terminal opera o sistema homem em modo não padronizado, estabelecido consoante o seu status, por meio de circuitos-filtro ligados ao processador central e com a memória principal através de um canal por onde transitam in/out feixes de energia-arquivo gerados na CPU remota que ele pode ler. Lê-los e processá-los adequadamente possibilita-lhe penetrar o mundo das coisas sensíveis onde jóias contemplativas esperam por serem descobertas para o introduzirem, de parte fantasias místicas, no modo da Consciência do Universo, um regresso, uma revisitação de sua energia às energias das fontes vitais, Autoconsciência, começo de caminho para quem assume as responsabilidades de existir, luta suas lutas, divide vitórias e pessoaliza as derrotas, tem-nas por lições na presunção da realidade de uma inteligência cósmica justa, com a qual pode comunicar-se e nela fortalecer-se para a liça da vida sem medo de castigos ou aspirando a graças especiais, apenas dando de si após fortalecido no exercício da fé da razão, estóica, lúcida.

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(…). Não era nada daquilo que eu me acostumara a ver como computador; menor do que um televisor de vinte polegadas, a máquina, um modelo monobloco de 1990 que operava à temperatura ambiente sem maiores exigências quanto à climatização (…); a menção é comparativa, evidentemente. Para você, de idade pelos quarenta anos, essas máquinas, os seus recursos e o que se seguiu, rápido, foram e são coisas corriqueiras; para a minha geração, sem exageros, eram uma espécie de materialização do fantástico antecipado pela ficção científica de quando éramos meninos, os chamados bons velhos tempos. 

Eu gostei, mas, para lidar com aquelas pequenas caixas de surpresa, tive de aprender a partir do zero, alfabetizar-me, para verificar, vencido o primeiro momento, que a lida era extremamente simples se consideradas as manias e exigências dos computadores dos tempos antigos, a realidade virtual tornada possível por simples toques, convertida em aparentemente inesgotável fonte de conhecimentos e recursos que mudaria o mundo de forma irreversível. Neste exato momento estou batucando no teclado de um laptop que trabalha sem endoidar à temperatura ambiente do verão do Rio de Janeiro, (…). 

Por que tudo isso? Bem, você não pode, pelo menos por enquanto, trocar o seu hardware, sua CPU, mas pode forçar um upgrade, melhorar o software, aumentar sua capacidade de processamento sem precisar saltar, figuradamente, (…). Para processar informações inortodoxas e complexas aportadas com novos conceitos são necessários novos programas que provavelmente a sua atual configuração não conseguirá rodar; minha experiência pessoal – embora experiências pessoais não se transfiram – mostrou-me que o upgrade vale a pena. Lá para frente você vai saber por quê. É preciso dar o passo à frente.

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 O livro que você tem nas mãos esquadrinha, além das primícias da energia, o Universo, o homem e características perversas das sociedades humanas compreendidas em uma conspiração virulentamente destrutiva desdobrada no tempo e variada no método nascida da execrável pobreza espiritual de seus inspiradores e executores. Examinando-as sem os panos quentes do acumpliciamento, incapaz para o (…), bastando, para tanto, certeza manifesta ou garantias históricas que o contradiga ou revele inconsistente. Devemos todos e cada um manter as melhores relações com a verdade.

Para melhor compreensão algumas observações são necessárias: (1) as notas impressas em azul, não justificadas, detalham no destaque o tema ou termo de nomenclatura ou emprego inusual; (2) número/número exprime seqüência e página da obra arrolada na bibliografia, precedida de romanos I, II, III, etc. (II-7/número, por exemplo) a segmentação das obras em mais de um volume para indicar volume, sequencial e página — as referências à versão do NT (…) fluem sob a forma 1/número, identificando sequência e página, considerando que sua paginação não se interrompe na passagem do Antigo para o Novo Testamento; as referências à edição da (…) aparecem como 2-AT/número ou 2-NT/número, indicando-a, e se Antigo ou Novo Testamento e página, uma vez que cada um dos textos tem paginação própria. Quando a idéia ou conceito remete a abordagens já feitas por qualquer autor cuja obra conste da bibliografia ou se ilustre por transcrição de trecho curto do livro, seu nome antecede o número sequencial e o número da página (Crossan 17/número, por ex.); (3) a bibliografia registra, quando disponíveis, informações essenciais sobre os autores visando sua identificação para adequado posicionamento quanto à obra; afinal, (4) os itálicos são utilizados nas citações de frases e pequenos trechos de obras listadas na bibliografia e para destacar palavras do texto com sentido ambíguo; são empregados, ainda, quando grafadas no original palavras ou expressões de idioma que não o português.

Excetuando raras menções diretas, os exemplares bibliográficos em grego e hebraico não são mencionados ou destacados por não comporem uma referência de percepção geral.

(…)

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Histórias são histórias, simplesmente as contamos, mas, para falar honestamente daquilo que pensamos, é necessário nos tornemos íntimos da verdade tantas vezes oculta ou ignorada pelo credo ut intelligam, pelos interesses. É gigantesca a dificuldade em discernir aquela destes, sempre eficazes na sua distorção, na maliciosa combinação de conceitos díspares, baralhando significados sem nenhum respeito pela mais rara das emoções humanas, como se fôssemos todos amoráveis; não somos. Não encontro motivos para me congratular com aquela parcela da humanidade em parte constituída por senhores poderosos, outros nem tanto, a maioria figurante ancorada entre o ser e o não ser, invertidos éticos e morais que por razões pessoais e econômicas, às vezes por nada, e até por mero ressentimento, fazem guerras, destroçam crianças e desarranjam famílias, dissimulam, matam, roubam, concebem imposturas, mentem, detratam e destilam sua peçonha, por inveja, para resguardar interesses, vantagens, conveniências.

Não costumo não gostar de gente, mesmo como essa aí em cima; apenas, e simplesmente, não a respeito. Reservo minhas emoções para as pessoas que justificam suas existências no pedaço de Universo onde vivemos, compensações para a sombria feiúra existencial às vezes muito próxima de nós, bem mais do que desejaríamos. Gente na acepção deste trecho do livro se compreende no nivelamento dos exemplares da espécie, no posicionamento de todos de nós em elevado patamar ético/moral. Tenho dúvidas quanto a gostar-se de gente generalizando a proposição, empregar a expressão de maneira elástica; não vejo como assim possa ser  se pretendemos ser razoáveis. Respeito pessoas, sinto por algumas enorme carinho, tão grande que, pudesse, lhes ofereceria um buquê de estrelas. Não generalizo, contudo; gostar, sem reservas, de gente conduz, não raro, a terríveis decepções. Conscientemente ninguém o faz, ou, pelo menos, parece-me, não deveria fazê-lo.  

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Você conhece muitas histórias fantásticas de deuses, mas nunca lhe foi dado saber onde estão ou o que são além de implacáveis precursores das partidas dobradas padronizadas por Luca Paccioli. Bons contadores, adotam a regra básica: a cada débito ou crédito corresponde um crédito ou um débito; intolerantes, exclusivistas, ciumentos, implacáveis e odientos, sua assistência tem preço. Habitaram entre os homens, divertiram-se com suas filhas e geraram descendência, parte exaurida na lenda, parte perdida na bulha ficcional, produto da visão humana confundida numa barafunda que repele qualquer esforço para estabelecer-se onde termina a mitologia e começam as colusões. Reflitamos, tentemos juntos colocar um pouco de ordem nesse assunto para melhor nos situarmos, pensar (…), Universo, homem com base científica mínima. É possível. Debruçado sobre os seus compêndios, genial, o cientista também cismou, disse da mente de Deus, desmistificou o Universo, mas não atentou na memória de nossa origem remota, insondada, perdida em meio ao seu imenso cabedal técnico; como força inteligente a energia passa ao largo do seu crivo por compreender-se seara estranha ao seu extraordinário intelecto. A resposta à sua pergunta pode estar muito além dos limites da física.

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LIVRO I                                                                                                                              EMERGINDO DO CAOS

 Terá o Universo, realmente, um começo e um fim? E, se tiver, com o que se parecem? (Stephen William Hawking, Uma Breve História do Tempo, Rocco, Rio de Janeiro, 1997, tradução de Maria Helena Torres, p. 163)

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­É imemorial, para além, muito além de 15 bilhões de anos.                                                  

Era o abismo,escuro, frio, silencioso. E a singularidade, imensa, descomunal, donde, numa bolha de espaço-tempo, energias terão vazado.

 ENERGIA: a energia se materializa e reconverte; conforme a primeira lei da Termodinâmica ela não pode ser criada, mas apenas modificada. Termodinâmica é o ramo da física voltado para as formas pelas quais a energia se transforma e para os meios e modos como se operam as transformações.

CAOS: nas antigas mitologias e cosmogonias — ramo do conhecimento derivado da astronomia que trata da origem e evolução do Universo ou de universos —, era a desordem absoluta donde se originavam os mundos; o vocábulo é usado também para referir o Universo em seu início como acentuadamente irregular e heterogêneo.

 SINGULARIDADE: região do espaço-tempo alheia  às leis da física, a cujas propriedades as equações correntes não se aplicam. O Buraco Negro, intensa concentração de energia provocada pela contração de uma estrela até quase o zero, um campo gravitacional de irresistível poder de atração com curvatura infinita, está entre as várias formas de singularidade; figuradamente é um caos.

 A bolha vagou; suas energias, ordenadas, constituíram um Universo vivo e inteligente, que, findo o seu ciclo, (…)

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RITO PROCESSUAL MAIS ÁGIL, MAS SEM FERIR DIREITOS

02 quinta-feira jun 2011

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Luiz Flávio Borges D’Urso *

“O Provimento 63/09 do CNJ, ao permitir que inquéritos policiais tramitem diretamente entre a Polícia e o Ministério Público, suprime o controle jurisdicional, afrontando a Constituição”

A intenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ao editar o Provimento

63/09, era a melhor possível: agilizar o rito processual. Mas, como é

sabido, abriu uma perigosa brecha ao permitir que inquéritos policiais

tramitem diretamente entre a Polícia e o Ministério Público, excluindo,

assim, a necessária atuação do Poder Judiciário.

Com isso, a norma do CNJ pode retirar do cidadão que porventura esteja

envolvido em investigação policial o direito de ter acesso aos

procedimentos por meio da atuação do Poder Judiciário. Tanto o risco de

ferir este direito existe que os desembargadores do Tribunal de Justiça de

São Paulo (TJ-SP) decidiram rejeitar a tramitação direta dos inquéritos,

inclusive determinando às Comarcas do interior do Estado que revertessem

a prática, pleito também levado ao TJ-SP pela OAB-SP. O mesmo não

ocorreu na Justiça Federal, levando o Conselho Federal da OAB a

manifestar suas críticas e a Associação dos Delegados da Polícia Federal a

ajuizar uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal

Federal. A Secional Paulista da OAB sempre esteve atenta ao problema e

impetra mandados de segurança contra as varas federais que insistem em

manter a tramitação dos inquéritos policiais diretamente entre a Polícia e o

Ministério Público.

É verdade que o CNJ, ao permitir o trânsito direto, quis resguardar os

direitos da cidadania ao prever exceções nos casos em que ocorrem pedidos

de medidas cautelares, ordens de prisão, interceptação telefônica e

mandados de busca e apreensão. Mesmo essa cautela, porém, não exclui o

fato de que o Código de Processo Penal é contrariado em casos nos quais

cabe ao juiz determinar diligências ou utilizar o poder de dilatar prazos de

investigação policial.

Mais grave: o Provimento afronta a Constituição Federal. Por exemplo, ao

suprimir o controle jurisdicional na fase de investigação policial, a norma,

além de abrir espaço para arbitrariedades que podem ser cometidas por

agentes do Estado, deixa ao Ministério Público a competência exclusiva

para ditar e fiscalizar o andamento dos inquéritos.

Ora, tal atribuição, exclusiva porque feita sem o exame do Poder Judiciário,

é inadmissível no Estado de Direito, uma vez que o Ministério Público é

parte interessada nos processos penais. Assim, por mais isenta que seja sua

atuação – e na imensa maioria dos casos, o é –, a imparcialidade que deve

reger toda a investigação fica comprometida.

Tenho certeza de que não é este o modelo que o Ministério Público ou o

CNJ desejam fazer prevalecer. A questão é que, como está, o Provimento

pode deixar o cidadão sem o fundamental direito à tutela jurisdicional, ou

seja, sem a garantia da ampla defesa.

Outro aspecto a merecer revisão é que o Provimento do CNJ abre um

precedente extremamente perigoso em relação às prerrogativas

profissionais dos advogados, tão claramente inscritas em nossa

Constituição: viola-as por dificultar, sobremaneira, o acesso do advogado

aos autos da investigação, uma vez que o juiz, sem contato com o inquérito,

não tem como franqueá-lo ao defensor.

Esta é uma anomalia que os advogados não podem assistir sem reação. Já

enfatizei várias vezes neste e em outros espaços que, apesar de a

Constituição ser cristalina, ainda há quem confunda as prerrogativas do

advogado com um privilégio do profissional, quando, ao contrário, trata-se

de seu dever para com o cliente.

Qualquer decisão, por mais bem intencionada, que atente contra este

pressuposto básico, corrompe o texto constitucional, mais especificamente

o artigo 133, que todos conhecemos e no qual se consagra o princípio

indissociável do Estado de Direito: “o advogado é indispensável à

administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no

exercício da profissão, nos limites da lei”.

Limitar o múnus advocatício à lei foi sábia decisão do constituinte de 88.

Mas lei alguma, menos ainda um Provimento como o 63/09, pode suprimir

a devida proteção do Poder Judiciário aos cidadãos e suas garantias

constitucionais, sendo que uma delas é a de justamente franquear ao

advogado o inquérito no qual alguém, eventualmente, esteja envolvido.

Por tais razões, a OAB-SP seguirá propugnando pela volta do controle

jurisdicional sobre os inquéritos policiais. E apoiará todas as medidas que

objetivem dar maior agilidade à Justiça, desde, claro, que não entrem em

desacordo com os princípios básicos do Estado de Direito.

* Luiz Flávio Borges D’Urso é presidente da OAB-SP

MARIE-ANNE E JEAN-PHILIPE – O REENCONTRO

02 quinta-feira jun 2011

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– O que quer venha de pior me atingirá, meu amor; morrerei se algo te acontecer.

– Beijo-te, meu carinho; agora vai, peço-te.

Ele esperou Marie-Anne começar a cavalgar em direção ao Palacete, em seguida encurtou forte as rédeas do árabe, que empinou; soltando-as ao mesmo tempo em que lhe cingia os flancos com o taco das botas, o animal disparou para os lados do atalho que levava ao caminho de Épernay.

O resto da tarde arrastou-se para Jean-Philipe; estava taciturno, lento e desconcentrado. Todos perceberam, algo não ia bem para ele. 

Começara, já, a anoitecer quando encerrou as lições daquele dia. Deboucourt, três anos mais velho que ele, seu companheiro desde sua chegada a Vailliers, também originário de Paris, e, como ele, mestre de equitação, aproximou-se.

– Penso que estás necessitado de uma boa caneca de vinho antes de voltares para casa; por que não vens comigo à Taberna para bebermos e conversarmos um pouco?

Jean-Philipe olhou-o indeciso.

– Não sei se serei boa companhia.

– Sou bom ouvinte e tu estás precisando falar, se bem te conheço após tantos anos; vem comigo!

– Voilà! Se tens paciência com este teu velho amigo, eu realmente estou precisando de uma boa talagada e de falar um pouco.

Após trocarem de roupa e guardarem seus pertences, deixaram o Círculo de Hipismo. Chegando à Taberna foram alegremente saudados, Deboucourt fazendo mesuras e fingindo estocadas num e noutro, ao que exclamavam touché!, apertando com as duas mãos os ventres. Sentaram-se a uma pequena mesa quadrada ladeada por dois toscos bancos individuais, bem nos fundos do amplo salão, e pediram vinho.

 (…)

A TERRA E A SUBSTANTIVAÇÃO DA VIDA – EXCERTO

02 quinta-feira jun 2011

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(…) a ligação essencial das fêmeas com eles, vinculação manifestada nos machos pela proteção à prole, prática jamais observada nos répteis, que, podendo alcançá-la, a devoravam assim se safasse dos ovos, por isso, para garantir sua continuidade, ovos e filhotes produziram-se, sempre, em grandes quantidades.

 Um transtorno, desproporcionalidade da relação tamanho do cérebro/tamanho do corpo, mesmo os dinossauros carnívoros, beneficiados pelo aumento de energia em função da dieta, terão estacionado no limite do sangue frio, ainda possam ter exibido algumas características dos animais de sangue quente. Na fronteira entre os dois tipos de metabolismo, os espécimes dos ramos menores terão traído um tipo de comportamento que poderia se associar a um cérebro com certo grau de evolução, mas os cérebros dos gêneros maiores, entre eles o gigantesco supersauro, não operaram além do padrão repetitivo, apesar de reagirem com presteza. Incapazes de disposição social genuína, predadores compulsivos ou tipos obesos imbecilizados pela fartura do mundo transformado em pasto e campo de caça, invadidos com a sem-cerimônia dos inadaptados, tornaram-se uma excrescência na biodiversidade do planeta, do qual se tornaram senhores confinados nos estreitos limites do poder pela força, sem sentido, estúpido e estranho à inteligência reitora da evolução; estacionários, de comportamento previsível, as maiores vítimas de si próprios, condenaram-se e à sua descendência.

A possibilidade de fracasso ou problemas nos empreendimentos, um risco inerente a qualquer operação, recomenda aos planejadores a fixação de alternativas; não foi diferente com o projeto dos dinossauros. Considerada a hipótese de imprestabilidade do sangue frio para a produção de vida material inteligente, há pouca coisa mais de duzentos milhões de anos, no limite posterior  do triássico, os mamíferos começaram a ser preparados para herdar a Terra e tornarem-se seus senhores na hipótese de malogro do projeto dino; evoluindo continuamente, eles esperaram pacientemente num nicho do violento mundo em que viviam como alternativa para a eventualidade de fazer-se necessário um plano B. Os dinossauros reinaram sobre a Terra por cerca de 135 milhões de anos inaptos para evoluir, frustrando possibilidades de progresso, constituindo-se sua permanência um risco demasiadamente grande, consideradas as exigência do projeto evolutivo; um colossal equívoco, inacabados, insuscetíveis de aproveitamento, tardou um pouco, mas acabaram extintos. Foram eliminados pelas implacáveis leis evolutivas para barrar a prevalência da mediocridade e da força.

 (…)

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